Cientistas brasileiros querem estudar coração de D. Pedro IV, que está no Porto

Estudo de doenças cardíacas e obtenção de ADN estão entre objectivos da equipa.

Foto
D. Pedro IV (1782-1847), Pinacoteca do Estado de São Paulo Wikimedia Commons

Cientistas brasileiros que exumaram corpos da família imperial preparam um pedido oficial ao Governo português para estudar o coração de D. Pedro I do Brasil, D. Pedro IV de Portugal, conservado e mantido no Porto.

Um dos médicos patologistas responsáveis pela investigação, Carlos Augusto Pasqualucci, da Universidade de São Paulo, explicou à Lusa que seria necessária a retirada de um fragmento quase impercetível – cerca de três milímetros – para a realização de uma biopsia. “É uma agulha tão fina que passa impercetível, não altera em nada o aspecto do coração. E seja qual for o planeamento [da investigação], obviamente que o coração irá regressar à cidade do Porto, como era desejo pessoal de D. Pedro", explicou Carlos Augusto Pasqualucci.

De acordo com o patologista, a partir da biopsia seria possível detectar eventuais doenças no miocárdio, inclusivamente as provocadas por processos infecciosos noutros órgãos, como a tuberculose, apontada como causa oficial de sua morte. “É possível identificar doenças causadas por processo infeccioso, além das doenças no próprio coração”, afirmou o investigador, dizendo que a equipa precisa de ter um pouco de “sorte”, dada a pequena área do tecido utilizada num exame desse tipo. Pasqualucci disse que “o fragmento utilizado é muito pequeno”, pelo que é preciso que seja colhido um tecido que apresente “alteração cardíaca”.

O médico avançou ainda que na análise dos restos mortais de D. Pedro IV, no ano passado, foi retirado um “micro-pedaço” de um osso da mão, a partir do qual tentarão obter ADN. “Vamos tentar fazer a extracção do ADN a partir desse ossículo, mas não é garantido que se consiga. Se tivermos a possibilidade de ter acesso a um pequeno fragmento do coração, ajudaria também nesse processo.”

A investigação integra uma bateria de análises realizadas no ano passado aos restos mortais de D. Pedro IV e das suas duas mulheres, Leopoldina e Amélia. O estudo fez parte da tese de mestrado da historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo e a avaliação do coração fará parte de seu doutoramento, que deverá iniciar-se este ano.
 
 
 
 

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