Ecofixe, uma casa portuguesa de pneus, terra e latas

Hansel e Gretel tinham uma casa feita de doces. Marta e Pedro estão a construir na Trofa uma casa feita de pneus, terra e latas

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Marta Santos, socióloga de 31 anos e Pedro Silva, desenhador desempregado de 39 anos, são um casal que está a construir uma casa especial, a Casa Ecofixe, na Trofa. Pneus, terra e latas são alguns dos materiais utilizados numa habitação que está a ser erguida através da reciclagem e reutilização de materiais para chegar a um máximo de sustentabilidade.

A demanda remonta a 2004, quando o casal começou a procurar casa na zona de Alvarelhos, Trofa, e viu que os valores eram acima do seu orçamento. Em conversa com "amigos e familiares", contou Marta ao P3, surgiu a ideia se de fazer uma casa “diferente”.

Seguiu-se uma abordagem à Câmara Municipal da Trofa, para o casal perceber se o projecto tinha potencial para ser aprovado. Havia desde logo uma nítida vantagem no tipo de construção – os materiais eram mais ecológicos. "Não se pode dizer que a casa seja ecológica na totalidade”, ressalva. O aproveitamento térmico era outra vantagem. Depois de obtida a aprovação do projecto, que de acordo com Marta, “está a ser concretizado a pouco e pouco”, chegou a fase de deitar mãos a esta obra inédita e ecoamiga.

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Casa amiga do ambiente

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Marta e Pedro não estão sozinhos: “Temos diversos amigos, familiares e empresas que se têm vindo a associar a este projecto. Muitos deles estão connosco desde a sua génese, outros têm vindo a juntar-se a nós”, explicou a socióloga. Entre desenhos, paisagistas, designers, fornecedores e empreitadas, juntaram-se ao projecto várias empresas — entre as quais a David Araújo Construções Unipessoal LDA, que foi criada especialmente para o projecto da Casa EcoFixe.

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Muitas empresas viam neste projecto um “risco”, como descreveu Marta: “Após a aprovação dos projectos, fomos solicitando orçamentos a algumas empresas de construção civil para concretizar a obra, mas a resposta foi praticamente o "não" ou, na sua maioria, o silêncio”. E assim surge a empresa de David Araújo, que abraçou a obra e fundou a “sua própria empresa de construção para se dedicar a este tipo de projecto”, avançou a socióloga.

Em termos de materiais, a casa tem paredes feitas de latas, pneus e terra. As estruturas do telhado serão de madeira reaproveitada de empresas de demolições da zona norte. “A recolha de águas pluviais para usos diários e o aproveitamento da luz solar para aquecimento de águas e das habitações” é outra da aposta do casal para o funcionamento da energia e das águas.

Documentário à vista

A divulgação e o acompanhamento “mediático” da obra não foram esquecidas. Como acha que este tipo de ideias “carece de divulgação”, o casal conta com a ajuda do fotógrafo Vasco Flores Cruz, “para fazer o acompanhamento fotográfico da evolução do projecto”, referiu Marta, que pode conduzir à realização de “um documentário sobre todo este processo”, descortinou.

Neste momento, está-se a começar a tratar da “vedação do terreno para iniciar a obra com a movimentação de terras”, esclareceu Marta. A socióloga não esconde que “tem sido um percurso algo difícil, em particular, nos aspectos formais, mas nada que, com paciência e algum tempo, seja impossível de resolver”.

Como proprietários, Marta e Pedro vêm “na poupança na funcionalidade da casa” o aspecto mais atractivo da obra. Para a divulgação, têm apostado no Facebook: “Tem sido uma verdadeira surpresa, uma vez que não esperávamos que tanta gente estivesse interessada nesta temática”, observou a proprietária.

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