Os insidiosos PiL estão de volta para dois concertos em Portugal

Os Pil, sucedâneos dos The Sex Pistols, continuaram o projecto punk de “desmistificação da indústria discográfica”

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Os PiL (Public Image Ltd) - que John Lydon fabricou a seguir ao aborrecimento em que se tinham tornado os Sex Pistols - actuam em Portugal a 21 e 22 de Junho, respectivamente no Coliseu dos Recreios de Lisboa e na Casa da Música, no Porto, em mais um "Clubbing".

Os Pil foram uma das mais importantes e radicais bandas do post-punk do final da década de 70 e do início da década seguinte, só possível graças à combinação irrepetível entre a voz esganiçada de Lydon, o inigualável baixo de Jah Wobble, a guitarra bizarra de Keith Levine e a bateria de Jim Walker.

A banda formou-se na ressaca dos Sex Pistols. Johnny Rotten era o vocalista da banda punk mais infame e perigosa do planeta, mas nada acalmava o seu inquietante aborrecimento; o desapontamento com o caminho que o punk tomava ou com a ansiedade que o estrelato súbito gerava.

Os Pil gravaram três dos melhores discos da época. A saber: “First Issue”, “Metal Box”, com a sua caixa de metal, mais tarde rebaptizado como “Second Edition”, e “The Flowers of Romance”. Como sempre nestas coisas, a banda acabaria por ficar limitada a John Lydon e definhar a partir de “This is What You Want... This is What You Get”, um álbum de 1984.

A desmistificação do punk

Depois do regresso inesperado, herético e incoerente dos Sex Pistols, que actuaram no festival de Paredes de Coura, em 2008, eis que também os PiL estão de volta. A banda de Lydon retomou os concertos, com actuações já este ano no Reino Unido, China e Japão.

Os Pil, de alguma forma, continuaram o projecto punk de “desmistificação da indústria discográfica”. Simon Reynolds, em “Rip it Up and Start Again, postpunk 1978-1984”, observa que, enquanto os The Clash lamentavam que a indústria transformasse a rebelião em negócio, os PiL fazia o contrário, ao sugerir que fazer dinheiro podia ser subversivo.

Em suma, concluía Simon Reynolds, os PiL, eram menos espectaculares que a revolta dos Sex Pistols, mas mais “insidiosos”. O nome da banda, recorde-se, foi inspirado pela novela “Public Image”, da autoria de Muriel Spark, acerca de uma actriz egoísta, que tanto agradou a Lydon, que lhe acrescentou o Limited.

A banda actuou apenas uma vez em Portugal, num dos últimos espectáculos rock no pavilhão do Dramático de Cascais, em Setembro de 1990. O último disco de originais, após um interregno de 20 anos, "This is Pil, foi lançado no ano passado.

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