Passos diz que Portas apresentará guia para cortes no Estado
Primeiro-ministro quer evitar que "a corda que está esticada possa partir”. E diz que outro Governo estaria a fazer o mesmo que este.
O governante sublinhou ainda, no âmbito do processo de reajustamento económico e financeiro, a necessidade de “manter o rumo traçado” e mostrou-se convicto de que “os portugueses sabem que qualquer outro Governo, que não quisesse um segundo resgate, estaria a fazer o mesmo que este”.
Num longo discurso de uma hora, nas segundas “Jornadas da Consolidação, Crescimento e Coesão” do PSD, Passos Coelho apontou a importância do “motor da economia estar centrado nas empresas e nas pessoas” e que “passado este tempo” é “altura de apostar no regresso do investimento”.
Para Passos Coelho o País já ultrapassou o momento em que, por selecção natural, faliram as empresas mais fracas restando somente as mais economicamente fortes. “Esta selecção natural das empresas que podem melhor sobreviver está feita”, disse.
O líder do PSD alertou, contudo, para a necessidade de o País estar preparado para um processo de reajustamento mais lento. “O que se passa na Europa diz-nos que não haverá, afinal, um reajustamento mais rápido”, afirmou.
Numa sala cheia, com centenas de militantes, num hotel portuense, Passos Coelho disse “ser este o tempo certo de, no quadro do processo de reajustamento, realizar a reforma do Estado” e que à mesma não tem de presidir princípios de natureza financeira”. O primeiro-ministro anunciou ainda que em breve o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, irá apresentar “um documento guia” para a discussão da reforma do Estado.
O discurso foi ainda aproveitado por Passos Coelho para criticar a indisponibilidade do PS em discutir a reforma do Estado. “O PS diz que essa discussão está inquinada à partida pelo corte dos quatro mil milhões de euros no Estado Social.
Novidade seria se o PS estivesse disposto a assumir a responsabilidade de discutir a reforma”, criticou. O social-democrata afirmou ainda que o “governo irá assumir as suas responsabilidades” e desafiou assim o principal partido da oposição a discutir, pelo menos, a reformas relativa às “políticas da saúde, educação, modelo das forças de segurança e das forças armadas. Não podemos discutir isso?”, questionou Passos Coelho num discurso cujo inicio ficou logo marcado pela quebra de um copo no palanque.
“Garanto que ainda não comecei a partir a loiça toda. Espero que seja um bom augúrio”, gracejou.