Obama propõe zona de comércio livre com Europa

Obama quer o reforço da parceria comercial entre os EUA e a União Europeia e apelou ao aumento de 24% no salário mínimo dos norte-americanos.

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Presidente dos EUA pediu um aumento de 24,1% no salário mínimo nacional Olivier Douliery/MCT

Grande parte do discurso do estado da nação de Barack Obama, na terça-feira, esteve apontado à revitalização económica dos EUA. Anunciou também um projecto reforçado de parceria transatlântica de comércio livre com a União Europeia, que deverá fomentar a já maior parceria económica do mundo.

O discurso do Presidente centrou-se na criação de empregos através do investimento e realçou a necessidade de aumentar as condições do trabalho, nomeadamente através do aumento do salário mínimo. Destacamos quatro pontos fulcrais.

Reforço da zona de comércio livre com a Europa
Os EUA querem estabelecer com a União Europeia uma parceria de investimento e um novo tratado de comércio transatlântico “abrangente”. No discurso do estado da nação, Barack Obama anunciou que as negociações com os países europeus devem ter início brevemente e que a formação de uma nova parceria económica com a Europa levará à criação de milhões de empregos bem renunerados nos EUA.

Com o reforço da parceria económica transatlântica, Barack Obama quer também igualar o terreno de jogo com os mercados asiáticos: “Para aumentar as exportações norte-americanas, apoiar o emprego e nivelar o terreno de jogo com os mercados asiáticos em crescimento, nós [Governo dos EUA] pretendemos concluir um projecto de parceria transatlântica.”

O projecto anunciado por Obama tem correspondência dos Estados-membros da União Europeia. Na semana passada, escreve a Reuters, os líderes europeus mostraram-se favoráveis a uma maior parceria económica com os EUA, colocando ainda o Canadá e o Japão na lista das parcerias económicas a serem fomentadas.

A melhor forma de aumentar a parceria económica entre a União Europeia e os EUA (que já é a maior do mundo) será através da redução da regulação no comércio. Segundo o jornal Washington Post, uma das áreas que podem ser alvo de desregulação económica é o sector agrícola norte-americano.

Aumento de 24% do salário mínimo
O Presidente dos EUA pediu ao Congresso norte-americano que apoie um aumento gradual do salário mínimo para os nove dólares por hora (6,72 euros), dos actuais 7,25 dólares por hora (5,41 euros). O aumento de 1,75 dólares representa, na prática, uma subida de 24,1% no salário mínimo dos EUA, e deve estar concluído em 2015.

Mas este aumento substancial, defendeu Barack Obama, não é mais do que estabelecer uma ligação entre o salário mínimo e a inflação. “Ninguém que trabalhe a tempo inteiro deve viver na pobreza”, afirmou.

EUA querem recuperar empregos na indústria
Obama sublinhou o facto de os EUA terem perdido postos de trabalho para países de mão-de-obra mais barata ao longo dos anos, mas salientou também a ideia de que esta tendência se está e se deve inverter.

“A nossa primeira prioridade é tornar os EUA num íman para a criação de novos postos de trabalho na indústria transformadora. Depois de nos desfazermos de empregos há mais de dez anos, os nossos industriais trouxeram cerca de 500 mil empregos ao longo dos últimos três [anos]”, afirmou Obama.

Mas, para acelerar o processo, Obama anunciou na terça-feira a criação de três centros de inovação industrial e apelou ao Congresso para a criação de uma rede de 15 destes centros para “garantir que a nova revolução industrial seja feita na América”.

Neste sentido, Obama pediu para que fosse acelerado o processo de reforma da política de imigração, de modo a que os trabalhadores estrangeiros possam também ajudar na revitalização industrial norte-americana.

Investimento na investigação
No seguimento da revitalização da indústria transformadora e de inovação, Obama apelou ao investimento na investigação como mais-valia económica. “Cada dólar que investimos a mapear o genoma humano deu um retorno de 140 dólares para a nossa economia”, sublinhou Obama, alertando para os riscos do desinvestimento no sector da investigação.

“Agora não é o momento para esventrar estes investimentos criadores de trabalho na ciência e inovação. Agora é a altura de atingir um nível de investigação e desenvolvimento sem precedentes desde a corrida espacial.”
 
 

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