E ao fim de dez dias Björk cancelou o "crowdfunding"

A cantora islandesa cancelou a campanha de "crowdfunding" que pedia financiamento para programar o álbum multimédia para Android e Windows 8

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O álbum foi lançado em Outubro de 2011

O "crowdfunding" é cada vez mais uma alternativa para os artistas, que em tempo de crise vêm os apoios financeiros diminuir. Realizadores pedem dinheiro para o cinema, músicos para lançar álbuns, e artistas para organizarem exposições. Björk não fugiu à tendência e pediu ajuda aos fãs ajuda para levar "Biophilia", o último álbum da islandesa, que junta a música a aplicações para iPad, para outras plataformas digitais. A resposta ficou aquém das expectativas e por isso a campanha foi cancelada.

Dez dias bastaram para Björk cancelar a campanha que permitiria a "Biophilia", lançado em Outubro de 2011, chegar a um maior número de pessoas. Em vez de se ficar simplesmente pela Apple, a cantora quis levar o seu projecto multimédia, que incorpora um programa educativo, aos outros sistemas operativos existentes no mercado, ou seja, Android e Windows 8. No entanto, a pouca participação na campanha de "crowdfunding", que em dez dias apenas somou 263 doações, obrigaram Björk a desistir, para já, do projecto.

Numa carta escrita por si e publicada no Kickstarter, a plataforma de "crowdfunding" onde a campanha estava a decorrer, Björk alega que a reprogramação de "Biophilia" para estes sistemas é “inacreditavelmente complicada”. “São precisos oito programadores durante cinco meses”, explica a artista, que tinha como objectivo angariar 375 mil libras (aproximadamente 443 mil euros) num mês e em dez dias juntou somente 18 mil euros, cerca de 4% do pedido.

Estimular interesse pela ciência

Ao chegar a outras plataformas, Björk pretendia desenvolver o projecto educativo que tem vindo a desenvolver na Islândia desde que em Outubro lançou o álbum, o primeiro do género no mundo da música. O objectivo é, através das aplicações desenvolvidas para iPad, estimular o interesse de crianças e jovens pela música e pela ciência.

Em "Biophilia", cada canção tem uma aplicação e cada aplicação tem o seu próprio tema (relacionado com a música). Os níveis de conteúdo de cada aplicação incluem um jogo interactivo de temática científica, uma animação musical de cada canção, uma partitura animada e letras. O jogo permite ao utilizador interagir com os elementos musicais da canção e aprender sobre as diferentes características musicais, enquanto pode criar a sua própria versão, de forma interactiva.

Quando na altura o álbum multimédia foi apresentado, Björk explicou que o objectivo de tudo era mostrar que “as estruturas musicais e as estruturas da natureza são similares”. Foi nesse sentido que, em colaboração com escolas locais, foram realizados vários "workshops" para crianças. “É tudo sobre explorar as áreas onde a música, a natureza e a tecnologia se encontram, mostrando às pessoas como é que o som pode trabalhar com a natureza, ao mesmo tempo que se explora a vastidão infinita do universo, desde os sistemas planetários à estrutura atómica”, lê-se na página que apresenta o projecto.

Apesar de agora estar cancelado, Björk garante que não vai desistir do projecto, prometendo novidades para breve. A islandesa, que lançou a campanha depois de ter recebido muitos pedidos internacionais para se criarem aplicações alternativas de "Biophilia", “principalmente de áreas com famílias com poucas posses e escolas com orçamentos baixos”, mostrou-se ainda disponível para responder a quaisquer dúvidas via email (kickstarter@bjork.com).

Segundo o "The Guardian", uma das questões que se levantou quando a campanha foi lançada foi o porquê de Björk necessitar de recorrer ao "crowdfunding" para desenvolver esta ideia, quando ela própria, com a ajuda de alguns parceiros, financiou a aplicação para iPad. Sobre isto, a islandesa nunca falou e talvez por isso agora se disponibilize a conversar com os fãs.

Até que alguma novidade surja, "Biophilia" continuará apenas disponível na Apple.

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