Mais de dois milhões de pessoas passaram por Guimarães no último ano por causa da Capital Europeia da Cultura (CEC).

A organização fez nesta terça-feira um balanço do evento, destacando os impactos que este foi capaz de gerar a nível do turismo e da economia. Em termos artísticos, a aposta na nova criação e no envolvimento da comunidade local em vários espectáculos foram apresentados como “a grande marca” do trabalho feito.

A Guimarães 2012 tinha apontado o objectivo de atrair 1,5 milhões de visitantes, mas os números apresentados nesta terça-feira mostram que essa meta foi ultrapassada. Segundo a organização, mais de dois milhões de pessoas passaram por Guimarães no último ano, tendo feito duplicar os indicadores turísticos habituais. A CEC contribuiu também para uma alteração nos hábitos de consumo dos turistas tradicionais da cidade, aumentando o número de pernoitas e os gastos na economia local.

As avaliações encomendadas pela CEC a entidades externas mostram que 90% dos visitantes dizem ter gasto mais de 50 euros por dia na cidade durante o último ano, o que representa um impacto do evento na economia local de, pelo menos, 100 milhões de euros. A estes juntam-se ainda os 40 milhões de euros de retorno medido pelo tempo de exposição mediática que o programa cultural de Guimarães 2012 teve nos meios de comunicação social nacionais e estrangeiros.

“Pode dizer-se que a CEC está paga”, avalia o director-geral, Carlos Martins. A Guimarães 2012 teve um orçamento geral de 111 milhões de euros, dos quais cerca de 25 milhões foram destinados ao programa artístico, sendo o restante investido em equipamento e obras de regeneração urbana. Os impactos da iniciativa fizeram também sentir-se a nível do comércio local, que aumentou as suas vendas em 50%, num ano em que o sector teve uma quebra de 7% em Portugal.

Em termos artísticos, Carlos Martins destaca o envolvimento da comunidade local nos vários espectáculos como “a grande marca do trabalho de programação da CEC”. Ao longo do ano, mais de 15 mil vimaranenses estiveram em palco como protagonistas, juntamente com os cerca de 25 mil artistas e técnicos envolvidos.

A opção de privilegiar a criação artística em residência foi também sublinhada pelo director-geral da Guimarães 2012 como uma aposta ganhar. “Foi o melhor que podíamos ter feito”, defende. Fruto dessa decisão, a CEC concretizou 500 encomendas e estreou mil novos espetáculos, sobretudo nas áreas das artes performativas – em que 80% da programação foi baseada em novas criações – e no cinema, que produziu 40 novos filmes.

Esta aposta resultou “numa programação artística de alto nível”, considera Carlos Martins. A percepção positiva na qualidade dos projectos artísticos da CEC é partilhada pelos espectadores. O estudo de públicos feito pela Universidade do Minho mostra que 73% dos espectadores consideraram a programação geral da Guimarães 2012 “boa ou muito boa”, enquanto 90% fazem uma avaliação “boa, muito boa ou excelente” do espectáculo em que foram inquiridos.

Estes são “resultados preliminares”, salienta o presidente da Guimarães 2012, João Serra, mas já permitem uma “primeira leitura” dos impactos do evento. No final de Junho, a Universidade do Minho vai publicar o relatório final da avaliação dos impactos socioeconómicos da Guimarães 2012 que está a ser desenvolvido.

Os responsáveis da Guimarães 2012 voltaram a garantir que todas as dívidas a estruturas artísticas e fornecedores serão pagas. Na semana passada, a comissão de acompanhamento da Assembleia da República tinha avançado que ainda havia 7 milhões de euros de dívidas, mas a organização da CEC fez um balanço diferente. Neste momento, falta ainda liquidar 3,1 milhões de euros, mas estão já aprovados pagamentos de mais 1,7 milhões, que aguardam liquidação pelo instituto público responsável. Por isso, até ao final da semana, a Guimaraes 2012 reduzirá a sua dívida para 1,4 milhões de euros.