Monti acusa Berlusconi de “simpática tentativa de corrupção” dos eleitores

Críticas à promessa do Cavaliere de restituir aos italianos o que eles pagaram em 2012 de um imposto imobiliário.

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Berlusconi continua a subir nas sondagens GIUSEPPE CACACE/AFP

Silvio Berlusconi está a tentar comprar os italianos, prometendo-lhes restituir o dinheiro que estes pagaram em 2012 pelo impopular imposto imobiliário (IMU), denunciou esta segunda-feira o seu adversário e chefe do Governo demissionário, Mario Monti.

No domingo, Berlusconi tinha afirmado que, em caso de vitória nas eleições de 24-25 de Fevereiro, será rapidamente aprovada em conselho de ministros “a restituição do IMU que foi pago em 2012”, imposto que o Cavaliere já tinha prometido a abolir.

“É uma simpática tentativa de corrupção. Eu compro o teu voto com dinheiro e esse dinheiro é dinheiro dos cidadãos”, comentou o ex-comissário europeu com a sua habitual ironia seca, em declarações à rádio RTL.

Monti prosseguiu no mesmo tom para demonstrar a incoerência das promessas do seu rival de centro-direita: "Eu sou ainda mais imbecil, porque fiz aplicar aumentos de impostos que em grande parte já tinham sido decididos” pelo Governo anterior de Berlusconi, disse, respondendo assim às declarações deste último, que afirmou que “qualquer imbecil é capaz de aumentar os impostos”.

As sondagens prevêem uma derrota da coligação liderada por Berlusconi, mas a verdade é que este tem vindo a conseguir reduzir a distância em relação à coligação de centro-esquerda, chefiada por Pier Luigi Bersani, com algumas sondagens a darem apenas cinco pontos de diferença entre as duas formações. A coligação centrista de Monti surge em terceiro lugar, com valores à volta dos 15%.

Giulio Tremonti, o ex-ministro das Economia e Finanças de Berlusconi, também criticou a proposta de acabar com o IMU e restituir milhões de euros aos italianos, considerando que “os problemas das finanças públicas” italianas não o permitem fazer.

“Seja qual for o vencedor das eleições, terá de proceder a uma correcção orçamental de 14 mil milhões de euros” para respeitar os compromissos internacionais do país, disse Tremonti. Para cumprir a promessa de Berlusconi, o Estado teria de desembolsar oito mil milhões de euros suplementares, “e o total de 22 mil milhões de euros representa um cenário bastante mais complicado”.

Berlusconi disse que arranjaria dinheiro taxando os capitais italianos investidos na Suíça através de um acordo bilateral. Mas Tremonti recordou que esse dinheiro já não está no país alpino mas sim “na China, em Hong Kong”.
 
 
 
 

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