Nem a prestigiada Universidade de Harvard escapa aos escândalos de copianço

Mais de 100 alunos castigados com afastamento ou avisos disciplinares por terem dado respostas iguais num exame da cadeira de Introdução ao Congresso

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O caso começou a ser investigado em finais de Agosto, mas só agora foram conhecidos os castigos Brian Snyder

Todos os anos são afastados de Harvard 17 alunos por "desonestidade académica", um número pouco expressivo num universo de 21 mil estudantes. Mas desta vez o caso foi longe de mais: 125 alunos foram castigados com penas que variam entre um aviso disciplinar e o afastamento da instituição, num escândalo sem memória nos 337 anos de vida de uma das mais importantes universidades do mundo.O caso foi denunciado em finais de Agosto do ano passado, mas foram precisos cinco meses para se conhecer a decisão. Num email enviado esta sexta-feira, o reitor da Faculdade de Artes e Ciências, Michael D. Smith, escreve que "mais de metade" dos 125 alunos que estavam a ser investigados por suspeitas de terem dado respostas iguais num exame da cadeira de Introdução ao Congresso foram afastados da universidade.


Os casos de afastamento resultam de uma "conduta inaceitável", que força o aluno em causa a ser "separado da universidade, com o objectivo de reflectir sobre as suas acções". Segundo os regulamentos da instituição, os alunos sancionados desta forma devem sair da universidade, trabalhar durante pelo menos seis meses consecutivos num emprego não relacionado com a instituição e fora do seu ambiente familiar, antes de poderem voltar a candidatar-se. Um segundo afastamento leva, na maioria dos casos, à expulsão definitiva da escola.


"Dos restantes casos", escreve o reitor Smith, "cerca de metade dos alunos foram suspensos, enquanto os outros não foram alvo de nenhuma acção disciplinar".


Em causa estavam as respostas dos 279 alunos de Introdução ao Congresso, uma cadeira opcional e considerada de fácil aprovação – uma espécie de atalho para se obter uma média mais elevada. O teste era para ser feito em casa, mas o professor da cadeira, Matthew B. Platt, garante que as regras eram claras: estava proibida a colaboração com professores, assistentes "ou com qualquer outra pessoa".


Num comunicado escrito em finais de Agosto do ano passado, o responsável pelas licenciaturas da Universidade de Harvard, Jay Harris, alertava os alunos para "as perturbadoras alegações de desonestidade académica que envolvem um número significativo de estudantes da Universidade de Harvard", que iam desde "a colaboração imprópria ao plágio descarado".


"Temos de trabalhar em conjunto para construir uma comunidade que veja a integridade como a base de toda a aprendizagem e descoberta. Sem integridade não pode haver conquistas genuínas", escreveu o responsável.


Os alunos defendem-se com o argumento de que as regras do exame não eram claras e alguns deles dizem que se viram forçados a desistir do curso por motivos psicológicos, acusando os responsáveis da universidade de terem demorado muito tempo a investigar o caso.


Estas acusações são repetidas por alguns professores da própria instituição, como Howard Gardner, que tem investigado casos de plágio. Ao "The New York Times", Gardner diz que o reitor Michael D. Smith deveria ter dado "uma explicação muito mais completa sobre o que se passou exactamente".


Fundada em 1636, a Universidade de Harvard formou mais alunos que viriam a tornar-se Presidentes dos EUA do que qualquer outra instituição. Ao todo, foram sete: Barack Obama, George W. Bush, John F. Kennedy, Theodore Roosevelt, Franklin D. Roosevelt, Rutherford B. Hayes , John Quincy Adams e John Adams.


A lista de alunos que desistiram dos seus cursos e que vieram a tornar-se mundialmente famosos é também impressionante, com nomes como Mark Zuckerberg e Bill Gates.

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