Central hidroeléctrica de Cerveira reabre no sábado, transformada em pólo turístico

É um pequeno museu dedicado à primeira central a levar electricidade a vários concelhos do Alto Minho.

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Painel de comandos da antiga central, uma das peças expostas no museu DR

Abandonada há quase quatro décadas, a antiga central hidroeléctrica de Covas, em Vila Nova de Cerveira, instalada na margem direita do rio Coura, reabre este sábado, transformada em pólo turístico do concelho. A abertura acontece precisamente no dia em que se completam 101 anos sobre a inauguração da antiga estrutura, a primeira central hidroeléctrica do Alto Minho e uma das pioneiras na electrificação nacional.

Apesar do vandalismo e das pilhagens de que foi alvo ao longo do tempo, restou a maquinaria mais pesada e algum material mais antigo, que foi resgatado graças aos esforços da Junta de Freguesia de Covas e da EDP, que, em parceria, e com o apoio da Câmara Municipal de Cerveira, acabaram por dar corpo ao projecto de dar nova funcionalidade ao edifício.

Amanhã, a freguesia de Covas ganha mais um ponto de interesse, através de um espaço que conta a história remota de como a luz chegou à região. A antiga central passará, assim, a integrar mais um ponto de referência no roteiro dos amantes do turismo de natureza.

O edifício é de acesso fácil e localiza-se no trajecto de um trilho pedestre, relacionando-se com a outra margem por um pontão. Fica nas imediações da EN 301, no sentido Covas-Caminha. No exterior da antiga central, estão instalados três painéis informativos, com imagens e texto, que contam a história daquela que foi a primeira central hidroeléctrica do Alto Minho.

No interior, os visitantes poderão o interior da velha central, através de um espaço envidraçado onde está exposta a maquinaria pesada e algum material antigo. Para o futuro, estão já a ser pensadas visitas guiadas ao espaço e envolvente.

Nos painéis informativos, pode ler-se que a antiga central foi inaugurada a 2 de Fevereiro de 1912. Propriedade da Hidroeléctrica do Coura, empresa da família Lourenço da Cunha, do concelho vizinho de Caminha, levou a “luz do progresso” a Caminha (1912), Viana do Castelo (1915), Vila Nova de Cerveira (1920), Ponte de Lima (1923) e Paredes de Coura (1937).

Mais tarde, diz ainda a informação disponível aos visitantes, depois de levantada uma nova barragem em 1949 e de ser integrada na rede eléctrica nacional, sob a administração da CHENOP e da UEP, serviria ainda Monção, Valença e Melgaço, completando em 1963 a rede de fornecimento de electricidade a oito dos dez municípios da região.

A central foi desactivada em 1974, com a entrada em funcionamento da Central Hidroeléctrica de France, quando foi construída uma terceira barragem sensivelmente no mesmo local do primitivo açude. No ano seguinte, a Hidroeléctrica do Coura foi nacionalizada para, em 1976, ser integrada na Electricidade de Portugal (EDP).

“Servida pelas generosas águas do rio Coura, conduzidas por um canal com um quilómetro de extensão e depois precipitadas de uma altura de 25 metros, a Central de Covas, da Hidroeléctrica do Coura, entrou em funcionamento em 1912 com uma só turbina Francis de 170 cv”, explicam ainda os painéis informativos.

Nos anos quarenta do século XX, para uma potência instalada de 1080 kw, acolheria três grupos geradores num total de 960 cv. Aqui trabalharam, ao longo de décadas, dezenas de trabalhadores, muitos oriundos ou residentes na freguesia de Covas, reproduzindo o modelo familiar que caracterizava a empresa, em que lugares e obrigações passavam de pais para filhos, constituindo verdadeiras dinastias, como os Moreiras e os Gameiros. Em turnos de funcionamento ininterrupto, eram eles que lidavam com as dificuldades causadas pelo excesso ou falta de água na barragem, os ocasionais desmoronamentos no canal de condução e os problemas dos mecanismos produtores e reguladores da electricidade.

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