Projecto luso-galego para garantir navegabilidade do rio Minho avança em 2014

“O rio Minho é uma jóia que pode ser lapidada e que pode trazer desenvolvimento às populações dos dois lados” da fronteira, diz vice-presidente da Câmara de Caminha.

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O ferryboat começou a cruzar o rio Minho em 1995 Marco Maurício

Os municípios luso–galegos banhados pelo rio Minho comprometeram-se esta segunda-feira, em Caminha, a candidatar a financiamento comunitário, a partir de 2014, um projecto conjunto que assegure a navegabilidade do troço internacional do curso de água, transformando-o num pólo de atracção turística e numa fonte de riqueza para a região, como já acontece com o rio Douro.

Na declaração conjunta, assinada também por várias entidades públicas e privadas, os parceiros comprometeram-se a desenvolver, a partir de agora, os estudos necessários que permitam fazer evoluir “uma ideia ambiciosa” para um “projecto sustentável”, do ponto vista ambiental, económico, social e turístico.

O grupo de trabalho constituído em Caminha, município que, em conjunto com a autarquia galega de La Guardia, acolheu a primeira reunião entre as partes, agendou já novo encontro para daqui a dois meses , desta vez em La Guardia, para uma discussão mais ampla sobre o assunto. Ontem, marcaram presença os representantes dos municípios dos dois lados do rio, dos ambientalistas, dos empresários e dos pescadores dos vários concelhos das duas margens do Minho.

No encontro, que serviu para apresentar o projecto “O Minho que nos une”, ficou definido que esta é a altura certa para iniciar o trabalho preparatório que conduzirá à formalização de uma candidatura a fundos do próximo quadro comunitário de apoio, a vigorar entre 2014 e 2020, para assegurar a navegabilidade do rio Minho, desde a foz, em Caminha, até Melgaço, potenciando, nomeadamente, a realização de cruzeiros turísticos.

Segundo informação que os promotores deste projecto reuniram junto da Douro Azul, empresa que opera no rio Douro, o rio Minho, depois de desassoreado e da criação de um canal próprio, terá capacidade para receber barcos de cruzeiro até 50 metros de comprimento.

O vice- presidente da Câmara de Caminha, Flamiano Martins, sublinhou necessidade de se “fazer dragagens e criar estruturas de apoio ao longo das margens, em termos turísticos e económicos, sem descurar a pesca e os produtos locais” e, “respeitando o meio ambiente”. “O rio Minho é uma jóia que queremos manter, mas é uma jóia que pode ser lapidada e que pode trazer desenvolvimento às populações dos dois lados”.

O alcaide de La Guardia, José Manuel Freitas, afirmou que se trata de “um projecto muito bonito, que no futuro poderá servir para colocar ordem na desordem”. O autarca galego alertou ainda para a necessidade de assegurar já que o projecto será financiado pelo próximo quadro comunitário de apoio, advertindo que, mais tarde, será muito mais difícil concretizá-lo.

Juan Liron, do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial, considerou que este projecto vai ao encontro da estratégia Europa 2020 em domínios como a competitividade económica, a sustentabilidade ambiental e a coesão social e territorial

O estado em que se encontra o rio Minho, que percorre 300 quilómetros até à foz, servindo de fronteira natural entre Portugal e Espanha ao longo de 75 quilómetros, impede o seu aproveitamento turístico e desportivo.

Assoreamento ameaça ferry-boat

Numa altura em que os municípios reivindicam o aproveitamento longitudinal do rio, a actual ligação transversal entre Caminha e La Guardia, assegurada pelo ferry-boat Santa Rita de Cássia, não tem verbas garantidas para as dragagens de manutenção do canal de navegação. A embarcação é frequentemente travada pela acumulação de areias, mas o alcaide de La Guardia diz não ter recebido, até agora, nenhuma garantia, nem do governo espanhol nem da Junta da Galiza, de que a intervenção será realizada. Questionado se as dragagens são necessárias no imediato, respondeu: “Cada dia são mais necessárias, mas não tenho nenhuma indicação”.

Além de dificultar a navegabilidade, prejudicando sobretudo a actividade piscatória, o assoreamento do rio que nasce a 750 metros de altitude, na serra da Meira, na Galiza, constitui também uma ameaça à sobrevivência de algumas espécies de peixes.

 

 

 

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