Morreu o general Jaime Neves

Militar que esteve no 25 de Novembro de 1975 morreu neste domingo no Hospital Militar na Estrela, Lisboa.

Foto
Jaime Neves em 1975 Carlos Lopes (arquivo)

O general Jaime Neves – que chefiou o Regimento de Comandos no golpe militar de 25 de Novembro de 1975 – morreu na madrugada deste domingo, aos 76 anos.

O general estava internado no Hospital Militar, na Estrela, em Lisboa. Morreu por volta das 6h, em consequência de problemas respiratórios. O seu corpo estará na capela da Academia Militar a partir das 16h.

O funeral de Jaime Neves realiza-se na segunda-feira, ao início da tarde, no cemitério do Alto de São João, após uma missa na Academia Militar, pelas 14h.

Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de São Dinis, no concelho de Vila Real, em Março de 1936, tendo entrado na Escola do Exército em 1953 e feito cinco comissões de serviço em África e na Índia. <_o3a_p>

Filho único de um polícia e de uma doméstica, completou o liceu em Vila Real com boas notas. Chegou a inscrever-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, mas acabaria por ingressar na Escola do Exército, onde teve como colegas de curso Ramalho Eanes, Melo Antunes, Loureiro dos Santos e Almeida Bruno. <_o3a_p>

A partir do segundo ano, transferiu-se para a Academia Militar, em Lisboa, e terá sido nesta época que começou a “construir” a reputação de boémio que viria a ser destacada na sua biografia “Homem de Guerra e Boémio”, da autoria do professor universitário e antigo comando Rui de Azevedo Teixeira, lançada em Novembro. <_o3a_p>

Terminado o curso, o já alferes Jaime Neves partiu para Moçambique em 1957, instalando-se em Tete com a missão de dar formação aos soldados nativos. Em Março de 1958, partiu para a Índia. <_o3a_p>

Durante o 25 de Novembro de 1975, Jaime Neves liderava o Regimento de Comandos da Amadora, uma das unidades militares que pôs fim à influência da esquerda militar radical e conduziu ao fim do PREC. Foi Jaime Neves que liderou o ataque dos comandos ao quartel da Calçada da Ajuda, em Lisboa, onde obteve a rendição das chefias da Polícia Militar.

Na reserva desde 1981, Jaime Neves era um dos mais medalhados comandos do Exército, tendo-se reformado com a patente de coronel. <_o3a_p>

Em 1995, foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. <_o3a_p>

Já em 2009, por proposta do antigo chefe de Estado Ramalho Eanes e do general Rocha Vieira, Jaime Neves foi promovido a major-general pelo Presidente da República, Cavaco Silva.

O processo causou polémica entre os militares, que contestaram o facto de este tipo de promoção, apesar de prevista no estatuto militar, nunca ter sido utilizada para promover um oficial na reforma, sobretudo a um posto de topo. <_o3a_p>

A polémica foi tanto maior por a promoção ter coincidido com as celebrações do 35.º aniversário do 25 de Abril e por nenhum dos oficiais do 25 de Abril ter sido objecto de tratamento idêntico. <_o3a_p>

Além dos militares, também o Partido Comunista se insurgiu com a promoção. Jaime Neves desvalorizou as críticas e respondeu: “Os cães ladram, a caravana passa”.
 
 

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