Jaime Neves “fez muito pela democracia”, diz Portas

O líder do CDS-PP considera que o país "deve uma parte relevante" da sua liberdade a Jaime Neves. O general Loureiro dos Santos diz, por sua vez, que morreu um "herói nacional".

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Centenas de pessoas prestaram homenagem ao falecido Jaime Neves Carlos Lopes (arquivo)

O ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS-PP, Paulo Portas, afirmou neste domingo que o país “deve uma parte relevante” da sua liberdade a Jaime Neves, considerando que o general “fez muito pela democracia em Portugal”.

Paulo Portas salienta que o general “nunca pediu nem esperou favores ou honras do regime que ajudou a consolidar”. Para o líder do CDS, Jaime Neves “não foi devidamente lembrado em vida e até por isso na sua morte merece ser justamente homenageado”.

“O CDS nunca deixou de celebrar o 25 de Novembro de 1975 e por isso, nesta hora, agradecemos a Jaime Neves, ao regimento de comandos e aos militares democratas tudo o que lhes devemos enquanto país livre e ocidental”, acrescenta Portas num comunicado que enviou à Lusa, onde apresenta as condolências à família.

Já o ministro da Defesa, Aguiar-Branco, enalteceu os valores de coragem, exemplo e camaradagem transmitidos pelo militar Jaime Neves, que hoje morreu, e salientou que a sua memória merece “o maior respeito” dos portugueses. <_o3a_p>

“É uma figura que marca decididamente períodos importantes da nossa história, antes e depois do 25 de Abril”, afirmou o ministro. <_o3a_p>

José Pedro Aguiar-Branco acrescentou que o nome Jaime Neves está associado a valores próprios de um comando militar, “de que aliás era uma referência”, destacando os valores da coragem, do exemplo e da camaradagem. <_o3a_p>

O ministro lembrou que Jaime Neves marcou importantes períodos da história do país, quer antes do 25 de Abril de 1974, com o seu desempenho como militar, quer depois da revolução dos cravos, no processo que levou à consagração da democracia em Portugal. <_o3a_p>

Por seu lado, o general Loureiro dos Santos considerou que Jaime Neves foi um militar de excepção e um autêntico “herói nacional”, salientando o seu papel nas guerras em África e no período revolucionário em Portugal.

“Foi um homem polémico pela atitude frontal que sempre adoptou, mas teve um papel de excepção ao serviço de Portugal e da democracia pluralista. Deve ser recordado como um herói nacional”, disse o general Loureiro dos Santos, companheiro de armas de Jaime Neves desde a década de 60.

Jaime Neves morreu na manhã deste domingo pelas 6h no Hospital Militar, na Estrela, em Lisboa, em consequência de problemas respiratórios e o seu corpo estará a partir das 16h na capela da Academia Militar.

Loureiro dos Santos definiu o general Jaime Neves como “um grande combatente e um guerreiro na plena acepção da palavra”.

“Jaime Neves foi um militar de coragem, temerário e um comandante de excepção, sobretudo em combate. Teve uma intensa actividade operacional, sobretudo nas guerras em África, onde se destacou por ser um comandante de excepção. Teve uma vida de combatente”, disse o antigo chefe de Estado Maior General do Exército.

No período democrático da História do país, Loureiro dos Santos referiu que Jaime Neves teve intervenções importantes na revolução de 25 de Abril de 1974 e no golpe militar de 25 de Novembro de 1975, ocasiões “em que demonstrou todas as qualidades que motivaram uma admiração quase generalizada”.

“No 25 de Abril de 1974 teve um papel arriscado mas importante para o derrube da ditadura [do Estado Novo]. No 25 de Novembro de 1975 [como chefe do regimento de comandos] foi decisivo no plano operacional contra a deriva autoritária que ameaçava o país”, apontou Loureiro dos Santos.
 
 

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