Comissão de Trabalhadores da RTP: “Derrota” de Relvas

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Privatização da RTP avançará no próximo ano Pedro Cunha

A Comissão de Trabalhadores da RTP considerou nesta quinta-feira que o adiamento da privatização de um dos canais "foi uma grande derrota do ministro", disse à agência Lusa o porta-voz daquele órgão, Camilo Azevedo.

O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, confirmou, numa entrevista ao Telejornal da RTP1, o adiamento da privatização de um dos canais da RTP, devido à quebra significativa da publicidade no sector da comunicação social em Portugal.

"Foi uma grande derrota do ministro e foi uma grande vitória para os trabalhadores da RTP e para todos os trabalhadores da comunicação social que nos apoiaram nesta luta e para as pessoas da sociedade civil que perceberam que a RTP é um bem essencial à democracia em Portugal", afirmou Camilo Azevedo.

Sobre a reestruturação de que o grupo RTP vai ser alvo e que custará 42 milhões de euros, segundo Miguel Relvas, a Comissão de Trabalhadores concorda com a modernização da empresa, mas rejeita eventuais despedimentos.

De acordo com o Diário Económico, a reestruturação prevê a redução de cerca de 600 postos de trabalho, número que o ministro não quis confirmar, preferindo aguardar plano da administração da empresa.

"Os trabalhadores da RTP sempre acharam que a empresa deveria chegar ao século XXI e, para isso, precisa de ser reestruturada e modernizada. Agora não aceitamos uma reestruturação para o serviço público e para os postos de trabalho", salientou Camilo Azevedo.

O porta-voz da CT lembrou que a reestruturação tem de ser feita segundo a Lei Geral do Trabalho, que define que os trabalhadores têm de participar no processo.

António Pedro Vasconcelos: Decisão “sensata”
O adiamento da privatização da RTP foi igualmente aplaudida pelo realizador António Pedro Vasconcelos, um dos rostos do manifesto contra a privatização da RTP.

"A não privatização é a única atitude sensata, por razões mais que óbvias. O que é pena é que o Governo tenha levado um ano e meio a decidir uma coisa óbvia", disse o cineasta à agência Lusa.

António Pedro Vasconcelos teme, contudo, que a reestruturação da RTP seja um "eufemismo para despedimentos" de trabalhadores, já depois da "degradação visível" na estação pública, em virtude das incertezas e dúvidas em torno do seu futuro.

"Não havia condições económicas, legais e políticas para a privatização", considerou o realizador.

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