Seniores são o novo alvo da indústria alimentar

Empresas agro-alimentares discutem tendências do sector e novas oportunidades de negócio.

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Adriano Miranda

Embalagens mais fáceis de abrir, rótulos com letras grandes e produtos com menos sal são algumas das respostas da indústria alimentar a um dos segmentos mais fortes que emergem neste sector: o mercado sénior.

“Esta população deixou de ser um nicho de mercado”, afirmou à Lusa Isabel Braga da Cruz, da Portugal Foods, que vai apresentar as dez maiores tendências do sector agro-alimentar, na sexta-feira, no seminário 2013: Ordem para Exportar.

Os consumidores mais velhos surgem assim como uma oportunidade para a indústria alimentar, que já oferece produtos dirigidos às necessidades específicas desta faixa etária, “mas sem haver ligação a qualquer tipo de limitação”, sublinha a responsável da Portugal Foods, associação de empresas que representam os vários subsectores agro-alimentares. Uma especificidade que passa pela formulação dos alimentos, mas também pelo design das embalagens, “para permitir um melhor manuseamento” e rotulagem simples, clara e fácil de ler.

Tudo isto encarado “numa perspectiva positiva e de um envelhecimento de qualidade, activo e indulgente, que permita acrescentar vida aos anos em vez de acrescentar anos à vida”, reforça a mesma responsável.

Isabel Braga da Cruz notou, por outro lado, que “a alimentação é muito mais do que ingerir alimentos, é também uma questão emocional”. Por isso, detecta-se também um crescente interesse pelas experiências sensoriais, em que os consumidores procuram descobrir aromas e texturas diferentes e produtos que conjugam diferentes ingredientes.

A sustentabilidade é outra das tendências que vieram para ficar em 2013. “Há preocupações no consumidor que vão muito mais além do alimento”, salientou Isabel Braga da Cruz. Os consumidores estão receptivos a campanhas relacionadas com questões ambientais e até de caridade, convertendo a compra de determinado produto em donativos para instituições sociais, mas não abdicam da conveniência.

“Terá de haver uma boa conjugação entre o que o consumidor procura (o alimento)” e outras questões que também são valorizadas como o bem-estar animal, a reciclagem das embalagens ou o comércio justo, um “posicionamento ético” que se tornou uma tendência mundial.

“O consumidor é muito consciente, muito informado e a indústria adaptou-se, tendo um posicionamento mais ético, mais transparente, procurando não esconder o que tem nos seus produtos”, até porque a saúde é também “um foco claro”, precisou Isabel Braga da Cruz.

O preço continua a ser um factor decisivo. “No final, isso conta muito”, reconhece a mesma responsável, acrescentando que o desenho de embalagens e doses mais pequenas, mais adequadas às famílias contemporâneas, “é também uma maneira de não mexer muito no preço”.

A indústria nacional, nomeadamente os associados da Portugal Foods, tem seguido as tendências com atenção, garantiu Isabel Braga da Cruz.

“Há uma preocupação grande de olhar para fora, porque também há uma preocupação grande de exportar, identificar mercados-alvo, saber como se comportam, quais os mais interessantes para a sua oferta e como podem adequar a sua oferta a interesses e necessidades específicas desse mercado”.

A inovação tem sido também uma aposta, que já deu às empresas da Portugal Foods cinco prémios Inovação no SIAL (Salão de Alimentação do Médio Oriente), que decorreu em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, no passado mês de Dezembro.
 
 

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