Novo incidente com Boeing 787 leva companhias japonesas a deixar o modelo em terra

A aterragem de emergência de um Boeing 787 no Sudoeste do Japão levou as duas maiores companhias aéreas do país a cancelarem os voos com aquele modelo. Governo anunciou uma investigação.

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Avião foi forçado a uma aterragem de emergência uma hora depois de ter descolado de Tóquio
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Avião foi forçado a uma aterragem de emergência uma hora depois de ter descolado de Tóquio Kyodo/Reuters

As duas principais companhias aéreas japonesas cancelaram, nesta quarta-feira, todos os voos com aviões Boeing 787 evocando motivos de segurança, depois de ter sido registada mais uma avaria numa aeronave deste modelo. A All Nipon Airways (ANA) e a Japan Airlines organizaram duas conferências de imprensa independentes, onde afirmaram que nenhuma aeronave levantaria voo num futuro próximo, sem, contudo, definir por quanto tempo é que os aviões continuariam no solo.

De acordo com as notícias avançadas até ao momento, todos os 129 passageiros do Boeing 787 que aterrou nesta quarta-feira de emergência na zona Oeste do Japão encontram-se em segurança. A única vítima com ferimentos neste novo acidente com o avião que deveria ser o “menino de ouro” da Boeing é, precisamente, a empresa norte-americana.

Um terceiro comunicado partiu nesta quarta-feira do Ministério japonês da Aviação, que afirmou que os problemas que levaram a esta última aterragem de emergência eram “graves” e que lançará uma investigação à segurança dos aparelhos.  

Uma hora depois de ter levantado voo em Tóquio, passageiros e piloto do voo número 692 da ANA (sem relação com a empresa portuguesa) começaram a sentir um cheiro a queimado, segundo as declarações avançadas pela Bloomberg e Telegraph. Terá sido nesse momento que os pilotos viram acender-se as luzes de alerta da bateria do Boeing 787 e ordenaram a aterragem de emergência no aeroporto de Takamatsu, situado nos arredores de Tukushima.


Este é terceiro incidente a envolver aviões Boeing 787 em pouco mais de uma semana. No dia 7, a bateria de um Boeing 787 da Japanese Airlines incendiou-se enquanto o avião  estava em terra do aeroporto de Boston, nos EUA. No dia seguinte, outro avião do mesmo modelo da mesma companhia sofreu uma fuga de combustível que o impediu de levantar voo de Tóquio.

No seguimento destes dois incidentes, os reguladores norte-americanos anunciaram uma investigação de segurança ao modelo da empresa dos EUA. O novo incidente desta quarta-feira será incluído nesta investigação, anunciou a Administração Federal de Aviação norte-americana.

Além destes três incidentes, um quarto problema com um Boeing 787 terá acontecido em Boston ao longo destas duas últimas semanas, afirma o Financial Times. O jornal britânico afirma que há notícias de um vidro rachado no cockpit e de problemas no sistema de travagem de uma destas aeronaves.

787 problemas e 900 encomendas
O apelidado “Dreamliner” é apresentado frequentemente como o avião “revolucionário” da empresa norte-americana. Isto porque o modelo é capaz de consumir menos 20% de combustível do que os modelos de dimensão comparável, segundo a Boeing.

O Boeing 787, construído com materiais ultraleves, tornou-se no modelo de avião comercial com mais encomendas de que há registo, segundo o Financial Times. No entanto, os problemas com o modelo começaram na linha de montagem.

A entrega do primeiro avião deste modelo estava prevista para 2008, mas, por razões técnicas de supervisão e de falta de matérias de construção, as encomendas foram atrasadas até 2011. Durante o processo de construção, a empresa norte-americana foi perdendo clientes, como, por exemplo, a China Eastern Airlines, a maior companhia asiática em tráfego de passageiros, que cancelou 24 encomendas

Em Outubro de 2011, a All Nipon Airlines exibia orgulhosamente o primeiro voo do modelo 787 da Boeing numa viagem comemorativa em que cobrava 13.400 euros por uma passagem em primeira classe, entre Tóquio e Hong Kong. A companhia aérea, que anunciou nesta quarta-feira o cancelamento dos voos com este modelo, encomendara 55 Boeing 787, o que a tornava a maior cliente deste modelo.

A Reuters conta 848 encomendas de modelos Boeing 787 distribuídas por operadoras aéreas em todo o mundo, o que dirige ainda mais as atenções para este “menino de ouro” da empresa norte-americana, que se encontra a esmagar a concorrência da europeia Airbus.

Notícia corrigida às 11h25: Corrigida referência à "Dreamline" para "Dreamliner"
 
 

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