Teatro Thalia e arte gráfica do DocLisboa nomeados para os Prémios do Museu do Design de Londres

A recuperação do Teatro Thalia, do atelier de Gonçalo Byrne e de Barbas Lopes Arquitectos, está nomeado na categoria Arquitectura. A identidade gráfica do DocLisboa, pelo designer Pedro Nora, na categoria Grafismo.

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o Teatro Thalia, de Gonçalo Byrne, Patrícia Barbas e Diogo Lopes DR
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O interior do Teatro Thalia DMF
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Os 90 trabalhos nomeados em sete categorias (para além das duas já referidas, Digital, Moda, Mobiliário, Produto e Transportes) serão apresentados numa exposição no Museu do Design de 20 de Março a 7 de Julho. Em Abril serão anunciados os vencedores em cada uma das categorias, e um vencedor geral.

Dois projectos portugueses estão entre os nomeados pelo Museu do Design de Londres para os Prémios de Design 2013, anunciados ontem: a recuperação do Teatro Thalia, em Lisboa, do atelier de arquitectura de Gonçalo Byrne e de Barbas Lopes Arquitectos (categoria Arquitectura); e a identidade visual do festival de cinema de documentário DocLisboa, da autoria de Pedro Nora (categoria Grafismo), designer e autor de banda desenhada, nascido em 1977 em Vila Nova de Gaia

Entre os nomeados na categoria de Arquitectura destacam-se nomes como o de Renzo Piano, com o edifício The Shard, e Zaha Hadid, com os edifícios Galaxy Soho e Liquid Glacial Table. O Teatro Thalia, situado junto ao Jardim Zoológico de Lisboa, é um edifício de meados do século XIX, usado para representações de óperas, e que se encontrava em ruínas há décadas. A recuperação agora feita, e que mantém sinais da destruição no interior, permite que o teatro seja novamente utilizado como sala para espectáculos, conferências ou exposições.

O trabalho de Pedro Nora, por sua vez surge ao lado do de Anish Kapoor (Zumtobel Annual Report), do de Irma Boom, responsável pela nova identidade gráfica do Rijksmuseum, que reabre este ano, ou do de John Morgan, que fez o mesmo para a Bienal de Veneza.

O arquitecto Diogo Seixas Lopes, da Barbas Lopes Arquitectos, co-autor da recuperação do Teatro Thalia, reage com natural satisfação à nomeação. “O significado primeiro, e mais pessoal, é sentir o nosso trabalho, o do Gonçalo Byrne, da Patrícia [Barbas] e o meu, reconhecido”, diz. “Também é para isto que as instituições [como o Design Museum] servem”, acrescenta, explicando: “Sentimos que há instituições que têm a capacidade de observar o que não está imediatamente ao alcance”. A recuperação do Teatro Thalia, assinala, “é uma obra periférica tendo em conta o resto dos nomes da lista. Só através dos meios institucionais, [o júri] pode saber que existia. Depois, teve a força suficiente para se poder nomear.”

A obra, uma encomenda do agora Ministério da Educação e Ciência, então Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, quando dirigido por Mariano Gago, está inserida “numa tradição da disciplina da arquitectura portuguesa dos últimos quarenta anos”. Define Seixas Lopes: “Uma materialidade muito táctil, o montar em função do que encontrámos naquele lugar.” A encomenda sugeria a preservação da ruína do edifício que, estando em pé há século e meio, se encontrava em risco de colapso. Foi esse o ponto de partida. A solução, o “encapsular a ruína em betão”, deixa uma leitura. “A posteriori”, salvaguarda o arquitecto, “há um valor alegórico, o pensar que o teatro foi um lugar de fausto, de luxo e de festas que ruiu, mas que apesar de tudo teve uma segunda oportunidade”.

O espaço estará agora vocacionado para uso privado do Ministério, mas Seixas Lopes espera que “através da salvaguarda da memória aquele vazio seja capaz de criar uma espécie de pressão para o seu uso público”. A acústica e a disposição espacial tornam-no adequado para as mais diversas utilizações. “Pode servir como estúdio de televisão, para passerelle, para uma missa ou um tribunal, como espaço para concertos”, destaca, revelando que o artista plástico João Onofre, por exemplo, já terá apresentado propostas para utilizar futuramente o teatro.

Nomeado para a categoria Grafismo, Pedro Nora diz que pretendeu criar para o Doc Lisboa 2012 uma “imagem que espelhasse descontinuidade com a identidade desenvolvida nos anos anteriores.” O designer, ainda que “satisfeito pelo reconhecimento e visibilidade” que a nomeação lhe proporciona a si e ao festival, relativiza-a. Considera “gratificante” apresentar-se num “contexto internacional e ao lado de colegas que muito prezo”, mas entende a nomeação “como um incentivo suplementar, em especial para a criação da identidade da edição 2013 do festival”.

No cartaz que elaborou, bem como nos restantes elementos criados para o festival, são centrais imagens de rochas. Estas, explica, remetem para a ideia de ilhas. “Entendi que cada pedra poderia simbolizar um cineasta e consequentemente a sua singularidade, resistência e afirmação”. Reunindo todas aquelas ilhas dispersas, nasce um “arquipélago de singularidades”, um “espaço de afirmação cultural colectiva”. É isso que Nora entende que o cinema, “e em particular o cinema documental”, pode ser.

 

 
 

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