Facebook lança pesquisa interna e intensifica concorrência com Google

O serviço ainda está em fase experimental e permite buscas de fotografias, locais, amigos e interesses.

Mark Zuckerberg apresentou a funcionalidade que permitirá relacionar os conteúdos que existem dentro da rede social
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A 15 de Janeiro, o site apresentou a nova pesquisa interna Stephen Lam/Getty Images/AFP
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O Facebook deu um primeiro passo para disponibilizar aos utilizadores um motor de pesquisa interno, que mostra apenas os conteúdos dentro da rede social e que permite fazer buscas usando frases próximas da linguagem natural.

A ideia é dar aos utilizadores páginas de resultados que sejam uma espécie de vista personalizada dos muitos conteúdos que os membros da rede social inserem: interesses, locais por onde passaram, fotografias, amigos. Recorrendo a frases, um utilizador poderá combinar estes conceitos de várias formas para visualizar páginas de resultados diferentes. Será possível fazer pesquisas como “amigos que moram em Lisboa”, “fotografias anteriores a 2000”, “pessoas que gostam da mesma música que eu” ou “restaurantes do Porto de que os meus amigos no Porto gostam”.

A frase que serve de pesquisa transforma-se no próprio título da página (numa barra azul no topo, onde aparece a caixa de pesquisa) e é possível afunilar os resultados recorrendo a filtros numa barra do lado direito que inclui variáveis como sexo, tipo de relação com os conteúdos apresentados (publicados por “amigos”, ou por toda a gente, por exemplo) e local.

O Facebook chamou à funcionalidade "graph search", o que pode ser traduzido por “pesquisa no grafo” e remete para o conceito matemático de grafo, um elemento constituído por vértices ligados por arestas, e que também o Google usa para designar uma funcionalidade de busca que extrai factos da Web e os relaciona. Neste caso, o Facebook refere-se aos vários elementos dentro da rede social e às relações entre eles.

O anúncio foi feito numa conferência de imprensa nos EUA e é a primeira grande novidade desde que a empresa entrou em bolsa, em Maio do ano passado. A expectativa em relação à conferência foi suficiente para a cotação do Facebook no Nasdaq abrir em alta, mas as acções, que têm estado a subir acentuadamente desde Novembro, caíram ligeiramente após a apresentação de Mark Zuckerberg. À hora de escrita deste artigo, rondavam os 30,2 dólares, um quebra de 2,42% face ao fecho do dia anterior.

Respondendo à especulação em torno da possibilidade de o Facebook lançar um motor de busca para concorrer com o Google, Zuckerberg frisou a diferença entre a pesquisa na Internet e a funcionalidade que o Facebook apresentou: "A pesquisa na web é desenhada para pegar numa questão aberta e dar links que possam ter a resposta", enquanto a tecnologia do Facebook "é desenhada para pegar numa questão precisa e dar uma resposta, não links que possam dar uma resposta.”

O Facebook, porém, está a entrar no território do Google e a meta de dar respostas a questões feitas em linguagem natural por humanos, em vez de apenas páginas de resultados, é algo em que os motores de busca estão a trabalhar há anos.

Facebook e Google já concorrem por tempo de atenção dos utilizadores e, no seguimento disso, pela oportunidade de lhes mostrar publicidade. Há situações em que as pessoas recorrem à rede de contactos no Facebook para obter informação que antes pesquisavam no Google; acontece com sugestões de restaurantes ou de compras, por exemplo. Para além disto, caso a tecnologia do Facebook não consiga dar resposta à questão do utilizador, serão exibidos resultados do Bing, o motor de busca da Microsoft, com a qual a rede social tem uma parceria.

Para além do campo dos motores de busca genéricos, o Facebook dá também um passo para outros terrenos com a nova ferramenta: ao ser possível pesquisar por pessoas com uma determinada formação ou profissão ou por pessoas numa região que sejam solteiras, a rede social poderá competir com serviços de procura de talento profissional (uma funcionalidade central do LinkedIn) e com sites de encontros.

A funcionalidade está ainda em fase experimental e limitada a algumas "centenas de milhares" de pessoas que usem o Facebook em inglês dos EUA. É possível a inscrição numa lista de espera, mas a empresa avisa que o alargamento da disponibilização da pesquisa será um processo lento.
 
 

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