DIAP constitui José Maria Ricciardi arguido após notificação da CMVM

Investigação do Ministério Público, desencadeada após notificação da CMVM, justificou a ida nesta segunda-feira ao DIAP de Ricardo Salgado, que se apresentou na qualidade de testemunha

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Ricciardi (ao centro) foi constituído arguido no âmbito de uma investigação relacionada com acções da EDP Daniel Rocha

O presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), José Maria Ricciardi, foi constituído arguido pelo Ministério Público, no final da semana passada, quando se deslocou ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) para prestar declarações sobre o envolvimento do grupo, há quatro anos, na compra e venda de acções da EDP, apurou o PÚBLICO junto de fontes ligadas às autoridades de supervisão.

Foi no quadro desta investigação liderada pelo Ministério Público, desencadeada por uma notificação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que José Maria Ricciardi esteve na última sexta-feira a prestar declarações no DIAP.O banqueiro do BESI deixou as instalações já na qualidade de arguido. O PÚBLICO tentou, em vão, que o presidente do BESI prestasse esclarecimentos sobre o tema, mas este não esteve disponível para o fazer. Do mesmo modo, o PÚBLICO não conseguiu obter um comentário por parte da CMVM sobre as suas averiguações que terão sido desencadeadas no último ano.

O envolvimento de Ricciardi neste processo não foi confirmado pelo grupo liderado por Ricardo Salgado, que, sobre este assunto, emitiu, ao início da noite desta segunda-feira, uma breve nota, na sequência de um pedido de esclarecimento realizado durante a tarde pelo PÚBLICO.Em comunicado, o BES limitou-se a informar que “o DIAP solicitou informações a quadros superiores do BES e do BESI no âmbito de uma investigação iniciada pela CMVM relativamente a transacções de acções da EDP efectuadas, em 2008, entre o BES e a BES Vida.”Segundo a mesma nota, “o BES está a prestar todas as informações solicitadas no sentido do esclarecimento cabal desta situação ocorrida há quatro anos”. O grupo bancário refere que desenvolveu uma investigação interna de onde resultou que “após a notificação, todas as operações identificadas inscrevem-se na normal gestão de carteiras de valores mobiliários, sendo demonstrável a natureza transparente das mesmas”.

O BES confirmou, no entanto, que "na presente data e na qualidade de testemunha, foram prestados esclarecimentos” pelo seu presidente, Ricardo Salgado, “não havendo lugar a quaisquer outras diligências”, refere o mesmo comunicado.Recorde-se que já neste mês, Ricardo Salgado esteve no DCIAP também a prestar esclarecimentos como testemunha, mas agora noutro processo, no quadro da Operação Monte Branco, e que envolve igualmente acções da EDP e da REN.

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