Vítimas de Savile vão exigir indemnizações a herdeiros e à BBC

Hospitais do Serviço Nacional de Saúde também vão ser visados por processos cíveis, revelou uma das advogadas que representa 50 pessoas.

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O inquérito da Scotland Yard descreve Savile como um "predador sexual" Carl Court/AFP

Cerca de 50 alegadas vítimas de Jimmy Savile, o antigo apresentador da BBC a quem foram atribuídos centenas de abusos sexuais ao longo de 50 anos, confirmaram a intenção de recorrer aos tribunais para exigir indemnizações aos herdeiros, à estação pública de televisão e às instituições onde os abusos ocorreram.

Savile, que morreu em 2011 aos 84 anos de idade, “já não pode ser acusado”, pelo que a “única forma” de as vítimas obterem reparação é pedirem indemnizações a quem permitiu que os abusos acontecessem nas suas instalações ou sob a sua vigilância, disse à BBC Liz Dux, advogada que representa um grupo de vítimas.

A confirmação chega um dia depois de a Scotland Yard ter divulgado o relatório ao inquérito que abriu depois de um documentário da ITV ter revelado, em Outubro, a faceta oculta de um apresentador que foi, até à sua morte, uma celebridade intocável. No documento, a polícia descreve Savile como um “predador sexual” que se valeu da fama para abusar sexualmente de centenas de menores e garantir a sua impunidade.

Desde o início do inquérito, 450 alegadas vítimas contactaram a polícia e dos testemunhos já recolhidos há indícios de pelo menos 214 crimes, incluindo 34 violações, cometidas em hospitais, escolas e nas instalações da própria  BBC. O primeiro caso reportado remonta a 1955, em Manchester, ainda antes de Savile entrar para os quadros da televisão pública, e o mais recente a 2009, dois anos antes da sua morte. Três quartos das vítimas eram menores, a maioria raparigas com idades entre os 13 e os 16 anos.

Liz Dux explicou que os processos cíveis têm como alvo os herdeiros da fortuna do antigo apresentador, a BBC e o Serviço Nacional de Saúde, gestor dos 14 hospitais em que ocorreram os abusos, ou “qualquer outro onde tenham sido cometidos crimes”.

O jornal britânico The Times noticiou que estes processos, bem como outros que venham a ser apresentados, poderão custar aos contribuintes milhões de libras, já que a maioria dos visados são instituições públicas. Por seu lado, o banco responsável pela execução do testamento de Savile tinha já decidido congelar a fortuna do apresentador, calculada em 4,3 milhões de libras (5,2 milhões de euros), antecipando os previsíveis pedidos de indemnização.

Contudo, a representante das vítimas explicou que, por decisão colectiva, os seus clientes decidiram não avançar com as queixas antes de concluídos os inquéritos que as várias instituições abriram desde que o escândalo foi noticiado. “Estes inquéritos são extremamente importantes e seria imprudente avançar já”. 

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