PS exige eleições caso medidas do FMI sejam aplicadas

José Junqueiro diz que relatório do Fundo é um novo programa de Governo e deverá ser sufragado pelos portugueses.

Os socialistas insistiram durante todo o dia que as propostas contidas no relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) nada têm que ver com o programa que o PSD levou a votos nas últimas legislativas. Assim sendo, caso venham a ser aplicadas, Passos Coelho só teria uma saída: sufragá-las.

A ideia começou a ser veiculada logo após a reunião da bancada parlamentar. José Junqueiro retomou-a em plenário, aquando das declarações políticas. "Um primeiro-ministro que se honra, que tem um programa de Governo, deve executar esse programa de Governo. Mas não acha, senhora deputada, que o Governo, ao apresentar com este relatório um outro programa de Governo, ao apresentá-lo nas costas dos portugueses, não acha que este primeiro-ministro voluntariamente se deveria submeter ao sufrágio universal, para ver se as pessoas queriam ou não aprovar estas medidas?", questionou José Junqueiro, após uma intervenção da bloquista Catarina Martins.

O secretário-geral do PS, António José Seguro, aproveitou o tema para falar de um Governo sem rumo, "isolado e cada vez mais afastado dos portugueses". E que já nem era capaz de evitar dissensões internas – como no caso do relatório –, revelando ser "um factor de instabilidade” em Portugal, tendo "dificuldades em apresentar propostas estratégicas".

O PSD ainda tentou colar o ataque do PS a um desespero interno. "É essa a vossa resposta para as movimentações do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e dos seus apoiantes?", atirou Emídio Guerreiro à bancada socialista.

A declaração de José Junqueiro surge depois de António José Seguro, líder do PS, ter dito que  Passos Coelho "não tem mandato para fazer um corte desta natureza".

Mas o que deixou os partidos de direita sem resposta foi o violento ataque da coordenadora do BE, Catarina Martins: "Esta maioria que detesta a Constituição, a mesma Constituição que garante a democracia que lhe permitiu tornar-se Governo, é criminosa e cobarde". "É criminosa porque destrói o país. É uma mistura explosiva de fanatismo e irresponsabilidade", acusou a coordenadora do BE, gerando a revolta dos dois partidos de direita.

O partidos da maioria apelaram à presidente da AR para controlar as "injúrias", mas como Assunção Esteves lhes explicou que a linguagem forte fazia parte do jogo parlamentar, acabaram por ficar em silêncio.

O PCP preferiu chamar ladrões a outros. Ainda sobre o FMI, e a propósito da insustentabilidade da Segurança Social, António Filipe acusou o Governo de permitir tudo ao sistema financeiro e nada aos trabalhadores. Para o executivo, sustentou o deputado, "sustentáveis são os crimes dos banqueiros, insustentáveis são as reformas, os salários".

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