Três dos acusados da violação e morte de estudante em Nova Deli declaram-se inocentes

Advogado que representa três dos seis acusados pelo ataque a uma jovem de 23 anos a bordo de um autocarro vai contestar as provas apresentadas pela polícia.

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As manifestações a exigir que a justiça seja feita continuam em várias cidades da India Sajjad Hussain/AFP

Três dos homens acusados pela violação e morte de uma estudante de Medicina de 23 anos num autocarro de Nova Deli vão declarar-se inocentes de todos os crimes que lhes foram imputados, indicou o seu advogado.

“Eles vão alegar que não são culpados de nenhuma das acusações. Até agora, nada está provado”, declarou à AFP o advogado Manohar Lal Sharma, que representa o  motorista do autocarro, identificado como Ram Singh, o seu irmão Mukesh Singh, e um manobrista, Akshay Thakur.

A Justiça indiana apresentou ontem as acusações de rapto, violação e homicídio a cinco dos seis homens alegadamente envolvidos no ataque à jovem Jyoti Singh Pandey, na noite de 16 de Dezembro a bordo de um autocarro. Se forem condenados, incorrem na pena de morte.

Além destes homens, com idades entre os 19 e os 35 anos, um outro indivíduo de 17 anos será julgado num tribunal de menores.

A jovem, brutalmente agredida durante mais de uma hora, acabou por morrer 13 dias após o ataque num hospital de Singapura. Além de graves danos cerebrais e em vários órgãos internos, sofreu um ataque cardíaco e uma septicemia.

A polícia garantiu à imprensa indiana ter provas materiais do crime, nomeadamente manchas de sangue correspondentes aos arguidos, mas Manohar Lal Sharma disse que vai refutar as provas apresentadas ao tribunal, sob o argumento de que a polícia não seguiu os protocolos correctos na obtenção desse material.

A audiência de segunda-feira decorreu à porta fechada, por ordem da magistrada responsável pelo caso que considerou não haver condições para garantir a segurança do tribunal para a leitura da acusação. Uma nova sessão está marcada para quinta-feira, quando o processo for remetido para um outro tribunal – um agendamento extraordinariamente expedito, tendo em conta o lento e burocrático funcionamento da Justiça na Índia.

O caso gerou uma onda de indignação no país, com sucessivos protestos contra o tratamento discriminatório das mulheres e manifestações reclamando justiça para a vítima.

Ontem, um homem que se apresenta "o homem-deus Asharam" reavivou ainda mais a revolta de milhares de indianas e indianos ao declarar que "esta tragédia não teria acontecido, se ela [a vítima] tivesse cantado o nome de Deus e tombado aos pés dos seus atacantes. O erro não foi cometido apenas por um dos lados". O guru, um homem de 77 anos, gravou estas declarações num vídeo que já está a circular a grande velocidade na Internet.

Notícia alterada às 17h54: o advogado Manohar Lal Sharma vai representar três arguidos e não dois, como se escreveu inicialmente.


 

   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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