Mário Soares: "Os mercados não podem ser os senhores do Estado"

O antigo Presidente da República diz ser necessário colocar os mercados no lugar.

Foto
Mário Soares está pouco optimista em relação à crise na Europa Miguel Manso

Mário Soares alertou nesta segunda-feira para o facto de os governos estarem reféns dos mercados e avisou que, se não se colocarem os mercados “no lugar”, se pode caminhar para uma “terceira guerra mundial”.

Durante a conferência Portugal no Mundo, no âmbito dos 40 anos do semanário Expresso, o antigo Presidente da República reagiu com pouco optimismo ao discurso optimista do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que abriu o encontro.

"Acho muito difícil que se possa ultrapassar [a crise]. A crise começou nos EUA. São os mercados que governam e os governos não têm margem, porque não querem ter. Se fôssemos eu e [Felipe] González [antigo chefe do Governo espanhol], obrigávamos os mercados a estar dependentes do Estado. Os mercados não podem ser os senhores do Estado e tem de haver regras”, afirmou.

Ao lado de Soares estava o antigo chefe do Governo espanhol Filipe González, que salientou a pouca margem que os governos têm, referindo que "quem manda é Wall Street e a City”, e mostrou-se preocupado com a ausência de um projecto de país para a Espanha.

"Fomos os melhores alunos da união monetária. Em 2007, o nosso défice público não existia. Tínhamos um superavit. Tínhamos dívidas de 30% do PIB. Mas as dívidas das famílias eram de 90% do PIB e as das empresas chegavam aos 160%-170%. E fomos vítimas da bolha especulativa”, afirmou o socialista espanhol.

Além de Mário Soares e Felipe González, participam durante todo o dia nos debates personalidades como Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia; José Ramos-Horta, ex-Presidente da República Democrática de Timor-Leste; Joaquim Chissano, ex-Presidente da República de Moçambique; Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil; António Damásio, professor universitário; Miguel Poiares Maduro, professor de Direito Europeu no European University Institute; e Henrique de Castro, director de operações da Yahoo. 
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar