Jorge Coelho demite-se de presidente executivo da Mota-Engil

O gestor e antigo ministro socialista continua na construtora, onde vai liderar o conselho estratégico da empresa, centrado na internacionalização da Mota-Engil.

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Socialista sai da presidência executiva “por razões de ordem pessoal” Nuno Ferreira Santos

Ao fim de quase cinco anos à frente do maior grupo de construção português, Jorge Coelho demitiu-se da liderança da Mota-Engil, onde deixa de ser presidente da comissão executiva e vice-presidente do conselho de administração. Mas continua ligado ao grupo, anunciou nesta segunda-feira a Mota-Engil.

Gonçalo Moura Martins, na empresa há 23 anos, assume o lugar de Jorge Coelho, em cuja equipa está desde o início e quem vai continuar a auscultar. É que o antigo ministro dos Governos de António Guterres sai de uma liderança executiva para outra, consultiva: o papel que lhe está reservado é a dinamização do conselho estratégico da Mota-Engil, um órgão consultivo dedicado à internacionalização do grupo – numa altura em que é fora de portas que a construtora tem mais de dois terços do seu volume de negócios.

Numa nota enviada ao regulador do mercado, a CMVM, o presidente do conselho de administração, António Mota, e o gestor Luís Silva referem que Jorge Coelho sai da liderança “por razões de ordem pessoal” e a ele agradecem o “desempenho notável, num contexto económico e financeiro de enormes dificuldades”. O PÚBLICO tentou ouvir Jorge Coelho, sem sucesso até ao momento.

Coelho entrou para a Mota-Engil em 2008 para delinear o plano estratégico da empresa a cinco anos, com a implementação do chamado programa “Ambição 2013”, agora concluído “com sucesso”, segundo referem no mesmo comunicado.

Antigo ministro-adjunto e ministro da Administração Interna (primeiro Governo de Guterres) e, depois, ministro com a pasta das Obras Públicas (que acumulou com o cargo de ministro da Presidência), Coelho foi apontado por assumir um lugar de gestão numa empresa que opera no mesmo sector que tutelava.

No conselho estratégico, Coelho terá ao seu lado não apenas membros da direcção do grupo, mas também “personalidades de projecção nacional e internacional”, que a Mota-Engil não disse quem serão. O Diário Económico avança que neste órgão terão assento, entre outros, o diplomata Francisco Seixas da Costa, prestes a abandonar as funções de embaixador de Portugal em França, e o economista Francisco Murteira Nabo, ex-chairman da Galp e actualmente à frente da consultora SaeR a par com José Poças Esteves.

Ao recém-criado conselho estratégico da Mota-Engil cabe contribuir “para a reflexão estratégica sobre as vertentes de internacionalização e diversificação do grupo”, com recomendações e pareceres aos órgãos executivos.

O grupo registou 58 milhões de euros de lucro até Setembro, com um aumento de 8,4% no volume de negócios, que passou para 1687 milhões de euros, graças ao peso da actividade internacional.

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