Parte de um universo observado para a criação de um mundo imaginado, ilustrado em folhas de papel, em chávenas de café e até em murais de parede.

O ilustrador Phillippe Santos retrata, numa linguagem própria e icónica, aspectos da sociedade e sentimentos que o rodeiam: "Parte do meu trabalho de ilustração tem muito a ver com o meu universo interior e com o reflexo social”.

Entre símbolos, signos e palavras, cada ilustração é um “reflexo do estado de espírito” e do subconsciente do designer que afirma criar “personagens e formas imaginárias” para representar pessoas e situações do quotidiano. Cada elemento possui um significado que é reproduzido ao longo de diversas ilustrações. O coração, por exemplo, “tem a ver com sentimentos pessoais”; a caveira “representa a morte mas, ao mesmo tempo, o início de algo novo"; o pássaro “simboliza a ternura e a figura materna”; e os olhos “são o espelho da pessoa”.

Na colecção de peças em porcelana "Eyes never lie" (os olhos nunca mentem), Phillippe Santos explica que a ideia é que uma peça que está presente no dia-a-dia “nunca deixe de olhar” para a pessoa, da mesma forma, que “a sociedade a julga através dos olhos”, contou ao P3.

Já a última série de ilustrações, em papel, "tem a ver com o frenesim que há na sociedade actual", relacionado com o consumismo e com a crise económica, como revelam os troncos de árvore serrados que “geralmente, representam os cortes" financeiros, esclarece o ilustrador.

"Basicamente o meu trabalho é uma forma de desabafar”, refere. "Através de uma linguagem mais simples, tento comunicar elementos mais complexos e icónicos que passam pela imaginação de um mundo criado por mim", justifica, admitindo, no entanto, que a interpretação é deixada ao critério de cada um.

Licenciado em Arquitectura, Phillippe Santos revela que a "ilustração foi surgindo de forma muito natural" como uma necessidade de “passar para o papel" o que sentia. Para além da ilustração, tem vindo a desenvolver trabalhos na área da fotografia, retratando a forma como pessoas, conhecidas ou desconhecidas, reagem em relação ao espaço.

"Gostava de explorar serigrafia, gravura, um dia mas para já estou nas porcelanas", confessa o ilustrador, referindo-se ao projecto que está a desenvolver com a empresa sueca Ikea para personalizar peças em porcelana. Phillippe Santos já participou em várias exposições nacionais e internacionais a nível individual e colectivo, tendo sido premiado com duas menções honrosas nas áreas da fotografia e escultura. Entre as principais intervenções, destacam-se a personalização das máquinas Cosmo Q da marca Delta, em 2010, e no ano seguinte, a intervenção num mural para o evento Red Bull Music Academy 2011, no Porto.

Phillippe Santos nasceu em Lyon, França, mas actualmente reside no Porto.