A música ajudou o Natal a entrar no IPO do Porto para dar mais ânimo a quem lá estava

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A semana musical promovida pelo IPO do Porto chega hoje ao fim PAULO PIMENTA

Iniciativa do Instituto Português de Oncologia termina hoje. Manhãs de vários serviços foram animadas por música

Para a Maria foi uma repetição. A rapariga de 11 anos, cara sorridente e óculos falsos que servem de base a uma árvore de Natal em papel, já andara a cantar pelos corredores do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto na segunda-feira. Mas ontem regressou, acompanhada por outras colegas da Escola de Música Valentim de Carvalho.

Entoa uma canção divertida, sobre um desentendimento com o Pai Natal, que teima em não trazer os presentes pedidos. Por alguns minutos, no átrio do IPO ou nas salas de espera dos diferentes serviços onde a música parou, houve sorrisos e palmas. Na segunda-feira, a Maria saiu dali animada. "Senti-me muito bem por ver a reacção das pessoas. Fizemos uma boa acção, que não custou nada e deu às pessoas um momento diferente", diz. Ontem foi igual.

As manhãs desta semana estão a ser especiais no IPO do Porto. Todos os dias, o átrio do hospital e as salas de espera de vários serviços recebem as vozes e instrumentos musicais de quatro escolas da cidade. O coro da Valentim de Carvalho foi o único a repetir a dose, mas também por lá andaram o coro da Escola de Música Santa Cecília, um quarteto de saxofones de Escola de Música de Costa Cabral e, hoje, os concertos terminam com um dueto de guitarra portuguesa do Conservatório de Música do Porto.

Ontem, o Ivo, de três anos, ajeitou-se no colo da mãe para ouvir as canções entoadas no átrio. Tem o rosto quase todo escondido por uma máscara animada por bonecos da Disney, mas os olhos grandes não largam as cantoras à sua frente. Sónia, a mãe do menino, cruza a porta do IPO quinzenalmente, vinda de Aveiro, para os tratamentos do filho, e garante que a música é muito bem-vinda. "Ajuda bastante, minimiza um pouco a parte negativa de aqui estar e os tempos de espera. É como os médicos-palhaço (Operação Nariz Vermelho). Eu até já lhe digo que vamos aos palhaços, quando temos de vir", diz.

Na sala de espera de radiologia, Gracelina Martins, 55 anos, recebe as cantoras com um sorriso de orelha a orelha. Está ali para mais uma consulta, mas diz que está disposta a deixar o médico à espera, para ouvir as canções todas. "A música anima-me muito, dá-me muita força. Não devemos encolher-nos, já basta os problemas que temos", afirma.

Gracelina bate palmas, acompanhada por quase todos os que ocupam os bancos da sala de espera. E, quando a Rita, de 16 anos, solta a voz poderosa no fado Havemos de ir a Viana, de Amália Rodrigues, acompanha-a no refrão. Já fora assim no átrio, com outras pessoas. A canção é um sucesso. "As pessoas são muito queridas e estão super-contentes por estarmos aqui", diz a directora da escola, Maria João Marques.

No final do concerto, Gracelina aproximou-se das cantoras e agradeceu-lhes, antes de seguir para a consulta. O coro, feliz, passou a outra sala.

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