Park Geun-hye, a primeira mulher a governar a Coreia do Sul

Sem marido e sem filhos, a nova Presidente diz ter todas as condições para se “dedicar inteiramente ao país”.

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Park Geun-hye diz inspirar-se em Margaret Thatcher e Angela Merkel Kim Hong-Ji/REUTERS

A Coreia do Sul vai ser governada, pela primeira vez na história, por uma mulher: Park Geun-hye, a candidata conservadora do Partido Saenuri, e filha do antigo chefe militar Park Chung-hee, foi eleita Presidente com uma magra vantagem sobre o seu rival liberal, Moon Jae-in.

As sondagens à boca das urnas colocavam a diferença entre os dois candidatos em apenas um ponto percentual, atribuindo 50,1% a Park Geun-hye e 48,9% ao seu opositor do Partido Democrático Unido. Com mais de metade dos votos apurados, Park liderava, com 53% dos votos, contra 47% de Moon, que admitiu a derrota antes mesmo de se contarem todos os votos. A participação na eleição ficou na casa dos 75%, um valor que parece alto, mas que ficou aquém dos 77% que a oposição colocava como tecto.

Será o regresso à Casa Azul presidencial de Park, que, após o assassinato da mãe por um “comando” norte-coreano, em 1974, assumiu as funções de primeira-dama do Governo do seu pai – uma ditadura de 18 anos durante a qual o país viveu uma época de grande expansão económica. Agora,aos 60 anos, a conservadora convenceu os eleitores de que, pelo facto de não ter marido nem filhos, tem todas as condições para se “dedicar inteiramente ao país”.

E não serão poucas as tarefas que a aguardam: a desaceleração da actividade económica, que viu o ritmo de crescimento de 5% constante dos últimos 50 anos cair para os 2%, o que fez disparar a desigualdade de rendimentos, com imprevisíveis consequências sociais; ou a beligerância da Coreia do Norte, que, além de retomar os testes balísticos, desafiando as resoluções da comunidade internacional, tem vindo a inflamar a sua retórica contra o país vizinho, com quem permanece teoricamente em guerra.

“Confio totalmente nela, é a pessoa indicada para salvar o país, seguindo as pisadas do pai”, comentou, em declarações recolhidas pela Reuters, Park Hye-sook, uma eleitora de 67 anos, de Seul.

Até se lançar na corrida pela presidência, Park Geun-hye foi uma relativamente discreta deputada do Partido Saenuri no Parlamento, um lugar que ocupou durante 15 anos. Enquanto candidata, disse sentir-se inspirada por personalidades como a britânica Margaret Thatcher ou a germânica Angela Merkel, sem, contudo, justificar se a sua admiração tinha a ver com as políticas que estas líderes defenderam ou implementaram.

Para muitos coreanos, a futura Presidente ainda é definida politicamente em função do seu pai, uma figura polarizadora que tanto é idolatrada por ter transformado o país numa das maiores potências industriais do mundo como diabolizada pelo desrespeito pelos direitos humanos ao longo da sua presidência.
 
 
 
 

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