O Melhor Museu de 2012 tem o futuro em risco

O Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, distinguido pelos prémios da APOM, depende de uma empresa municipal que poderá ser extinta, alerta a autarquia

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O Museu da Comunidade Concelhia da Batalha foi inaugurado em Fevereiro de 2011 Cortesia Museu da Comunidade Concelhia da Batalha
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A galeria romana do museu da Batalha Cortesia Museu da Comunidade Concelhia da Batalha
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A sala dedicada à Pré-História Cortesia Museu da Comunidade Concelhia da Batalha
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"Natureza Morta", a mostra internacional no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi considerada pela APOM a Melhor Exposição de 2012 Daniel Rocha
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A Casa Manuel de Arriaga, no Faial (Açores), estava entre os três finalistas no prémio para os museus Nuno Ferreira Santos
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O Prémio Melhor Intervenção em Conservação e Restauro foi atribuído ao Museu Nacional Machado de Castro, pelo restauro da Última Ceia, de Hodart Adriano Miranda

Foi eleito o Melhor Museu Português em 2012 pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), nos prémios anunciados na sexta-feira, mas, apesar da distinção, o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha enfrenta uma situação difícil, correndo mesmo o risco de ter que encerrar, avisam os responsáveis da Câmara da Batalha.

“Esse cenário está em cima da mesa”, confirmou ao PÚBLICO o chefe de Divisão da Cultura, Rui Cunha, porque a gestão do museu é feita por uma empresa municipal que, de acordo com as novas regras para o sector empresarial loca, poderá ser extinta. O museu, que conta a história do concelho, mas faz “muito mais do que isso”, inaugurou em Fevereiro de 2011, e tem apenas três funcionários a tempo inteiro.

Quando o museu foi criado, a solução encontrada pela autarquia foi a de entregar a gestão à Iserbatalha, a empresa municipal que já era responsável pelos espaços verdes e pela gestão de outros equipamentos culturais. “Não existem [para o museu] lugares de direcção remunerados, nem cartões de crédito, nem viaturas”, diz Rui Cunha, sublinhando o trabalho que o museu tem feito com a comunidade, que passa por exemplo por um ciclo de tertúlias e pelos programas educativos, com particular sucesso durante os períodos de férias escolares. 

Outro aspecto do qual o museu se orgulha particularmente é o das acessibilidades – há peças tácteis, vídeo-guias, áudio-guias e legendas colocadas de forma a poderem ser lidas por quem se desloque em cadeira de rodas. <_o3a_p>

No seu primeiro ano de vida, o museu teve 3500 visitantes. Agora, a autarquia aguarda uma audiência pedida ao secretário de Estado da Administração Local para saber como será o futuro. Mas, frisa Rui Cunha, se a empresa municipal for extinta, o museu “ficaria numa situação muito complicada”. 

O presidente da Câmara da Batalha, António Lucas, em declarações à Lusa, expressou “grande orgulho com a distinção realizada a um projecto que nasceu num concelho tão pequeno” e que “começou praticamente sem espólio e existe à conta do trabalho de muita gente”. Por outro lado, salientou a “enorme responsabilidade” da distinção feita pela APOM que, fundada em 1965, atribui os galardões desde 1997, referentes à actividade museológica no ano anterior da atribuição. “Obriga-nos a considerar o projecto como o pensámos originalmente, ou seja, como inacabado, e, ao mesmo tempo, ir ao encontro da exigência que este prémio traz”, explicou. 

Natureza Morta, a mostra internacional de pintura que esteve patente no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, foi considerada pela APOM a Melhor Exposição de 2012. A Personalidade do Ano já tinha sido anunciada, e distinguiu este ano a museóloga Madalena Brás Teixeira.

O Museu da Comunidade Concelhia da Batalha era um dos três finalistas na categoria Melhor Museu Português, à qual concorriam também a Casa Manuel de Arriaga, no Faial (Açores), e o Museu da Baleia, no Caniçal (Madeira), galardoados com menções honrosas.

A APOM atribuiu ainda menções honrosas às exposições A Arte da Guerra, criada pelo Museu do Caramulo e apresentada no Museu Berardo, em Lisboa, Património no território, apresentada em Santiago de Compostela, e Rostos de Roma, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. O Prémio Melhor Intervenção em Conservação e Restauro foi atribuído ao Museu Nacional Machado de Castro, pelo restauro da Última ceia, de Hodart, e ao Museu de Lamego, pela Campanha Conhecer, Conservar e Valorizar.

Foram ainda atribuídas menções honrosas ao Mosteiro de Salzedas, ao Convento São Paulo, na Serra de Ossa, e ao Museu da Assembleia da República, pelo restauro do acervo azulejar do Refeitório dos Monges.

O Prémio Projecto Internacional foi atribuído aos Museus/Fundações Manuel Cargaleiro, em Portugal e na Itália, e foram entregues menções honrosas à exposição Primitivos, no Museu Nacional de Arte Antiga, e ao livro Património Mundial de Origem Portuguesa, de Elísio Summavielle e João Corrêa Nunes, com fotos de Miguel Valle de Figueiredo.

O Prémio Cooperação Internacional – nova categoria – foi entregue à Embaixada de Espanha e à Embaixada do México, pelo apoio às iniciativas na área da museologia.

O Prémio Incorporação foi atribuído ao Palácio Nacional da Ajuda, e o Museu Etnográfico da Ribeira de Santarém e o Museu da Casa Rego Vasconcelos, em Leiria, receberam menções honrosas.

A Câmara Municipal de Penafiel e o Instituto Camões - Instituto da Cooperação e da Língua receberam o Prémio Instituição, e a Fundação Millennium BCP e a Fundação EDP foram distinguidas com o Prémio Mecenato.

O Prémio para o Melhor Transporte de Património foi para o Museu Gulbenkian, e o Melhor Trabalho Jornalístico/Media para o Canal Panda e para a rádio TSF, pelo programa Encontros com o Património.

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