Seguro afirma recusar entrar numa discussão de cortes

Líder socialista deu entrevista à TVI e disse que não hesitará quando entender que eleições sejam benéficas para o país.

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Seguro não revelou se pretende requerer a fiscalização do OE Daniel Rocha

“Recuso-me a entrar numa discussão de cortes”. Foi desta forma que o secretário-geral do PS, António José Seguro, respondeu esta noite sobre a contribuição do principal partido da oposição ao repto do Governo sobre os cortes orçamentais de quatro mil milhões de euros até 2014.

“Para o debate da reforma do Estado estamos disponíveis, mas não vamos só discutir funções sociais, vamos discutir tudo”, afirmou o líder socialista em entrevista à TVI.

“Foi o Governo que inscreveu em Setembro passado [os cortes de quatro mil milhões] na quinta avaliação, isso é da sua responsabilidade”, sublinhou Seguro. Sobre os pedidos de mais tempo e juros mais baixos formulados pelo Presidente da República e corroborados por Paulo Portas, o secretário-geral do PS manifestou estar “contente por mais vozes se erguerem”. Em contrapartida, foi duro com Pedro Passos Coelho: “Noto um primeiro-ministro resignado, perdido”.

Se reiterou que “o PS continua fiel ao compromisso que o Estado português celebrou no memorando de entendimento”, o dirigente socialista sublinhou: “Divergimos com o primeiro-ministro do caminho para atingir as metas”. A este propósito, afirmou que, com o incumprimento do défice previsto de 4,5% para este ano, os credores “deram mais um ano para corrigir os erros do Governo”.

Ao longo de uma entrevista de 27 minutos, Seguro reafirmou, por diversas vezes, a necessidade de políticas de crescimento económico. E distanciou-se da posição do ministro francês das Finanças, que acompanhou o ministro alemão Schauble, na indicação de que Portugal não deveria solicitar as mesmas condições que a Grécia. “O ministro francês não vive em Portugal, não é por ser um companheiro da minha família política que concordo [ou] discordo dele”, destacou. Para António José Seguro, “precisamos de benefícios em pé de igualdade com a Grécia, mais tempo, carência e baixa de juros”.

Seguro não quis desvendar se o PS admite requerer a fiscalização sucessiva do Orçamento de Estado (OE) para 2013, afirmando ser este o tempo do Presidente da República: “Não vou pressionar o senhor Presidente, não vou trocar os tempos, este é o tempo do Presidente, a seguir é o tempo dos deputados”. Contudo, não deixou de recordar que tudo fez para que o país tivesse em Janeiro um OE “descontaminado da suspeita de inconstitucionalidade”.

Sobre a carta aberta de 70 personalidades, encabeçadas por Mário Soares, pedindo a demissão de Passos Coelho, o secretário-geral do PS foi claro. “Quando entender que este Governo não tem condições, para continuar apresento uma moção de censura, quando entender que as eleições serão benéficas para o país, não hesitarei, apresento uma moção de censura”, disse. E repetiu: “Considero que uma crise política é negativa para o país, mas se a convocatória de eleições for benéfica para o país, não hesitarei”.

Por fim, Seguro reiterou que a privatização da TAP é um processo “pouco transparente”, reafirmou a sua oposição à privatização da RTP e recusou comentar se José Sócrates devia reconhecer erros como António Guterres. “Não temos de perder nem um minuto com o passado, o passado está sempre presente para não repetirmos os erros, mas todo o passado”, concluiu. 

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