Empresa apoiou Marques Mendes na corrida para o PSD

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Marques Mendes diz não ter ideia de um apoio da Tecnoforma

Acandidatura de Luís Marques Mendes à presidênca do PSD, nas eleições directas de Setembro de 2007, contou com o apoio logístico da Tecnoforma. A empresa, de que Passos Coelho tinha sido gestor até meados desse ano e de que um outro ex-dirigente da JSD, João Luís Gonçalves, era accionista e administrador, cedeu-lhe material de escritório, mobiliário e equipamento informático. Segundo fontes da empresa, terá participado também financeiramente e com viaturas.

"Se participou no apoio à minha candidatura, não tenho ideia nenhuma. Não faço ideia, a esta distância, de quem participou ou não", disse Marques Mendes ao PÚBLICO. O financiamento das campanhas internas dos partidos, com vista à eleição dos seus dirigentes, não está sujeito ao controlo da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, que funciona junto do Tribunal Constitucional, e não está regulamentado em nenhum diploma legal.

O antigo líder do PSD (2005-2007) foi um dos fundadores, em 1996, de uma organização não governamental, o Centro Português para a Cooperação (CPPC, ver PÚBLICO de ontem), criada por Pedro Passos Coelho por iniciativa da Tecnoforma. A organização tinha sede nas instalações da empresa, em Almada, e foi concebida pelos seus proprietários para facilitar a obtenção de contratos para a execução de projectos de cooperação em África.

Além de Marques Mendes e de Pedro Passos Coelho contavam-se entre os fundadores do CPPC várias figuras de primeiro plano do Partido Social Democrata, tais como Ângelo Correia e Vasco Rato. A propósito da sua participação nesta organização, de que disse não se recordar - "Tem a certeza de que eu fui membro disso?", perguntou -, o antigo conselheiro de Estado declarou também: "Nunca conheci essa empresa, embora soubesse das relações profissionais de Passos Coelho com ela."

Marques Mendes assegurou igualmente que nunca teve "qualquer ligação pessoal ou profissional" à Tecnoforma e que não conhecia "as pessoas da empresa". Depois de lhe ser recordado que João Luís Gonçalves era um dos donos e tinha sido secretário-geral da JSD, o actual gestor de um grupo empresarial controlado por Joaquim Coimbra, um dos accionista de referência do BPN, esclareceu: "Conheço apenas o dr. João Luís Gonçalves."

Contactado pelo PÚBLICO, este advogado, que vendeu a sua participação na Tecnoforma em 2007-2008, confirmou o apoio da empresa à candidatura de Marques Mendes, embora não se recordasse dos pormenores. "Sim, talvez tenhamos cedido uma fotocopiadora, é natural que sim." E mobiliário? "Talvez tenhamos apoiado com umas secretárias, um móveis que não usávamos." E computadores e viaturas? "Sim, talvez", respondeu.

Marques Mendes concorria então à liderança do PSD, de que já era presidente desde 2005, mas pretendia ser reeleito nas primeiras eleições directas então realizadas. O outro concorrente, que acabou por sair vencedor, era Luís Filipe Menezes. A campanha foi particularmente renhida, contando Mendes entre os seus principais apoiantes com Alexandre Relvas (mandatário nacional) e Carlos Coelho (director de campanha). Menezes teve com ele, entre outros, Ângelo Correia.

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