Receitas de Natal: todos os caminhos vão dar à mesa

Nesta altura sabemos que podemos matar saudades daqueles pratos reconfortantes, com sabor a família, as especialidades das tias, as sobremesas da avó!

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petalalopes/Instagram

Para quem comemora o Natal, no mês de Dezembro é inevitável não pensar na noite da Consoada e no dia 25, na reunião familiar, sejam os parentes muitos ou poucos, nos jantares de trabalho, de amigos, nos presentes que vamos receber (provavelmente menos este ano) e nos que gostaríamos de oferecer.

Nesta época toda a gente começa a fazer o balanço do ano que está a terminar, a fazer planos para o seguinte e a arranjar tácticas para controlar o apetite, normalmente posto à prova nesta altura festiva. Chocolatinhos, doces, comida que sobra para um mês, mais doces, mais chocolatinhos, frutos secos, etc.

De facto, a comida é um aspecto essencial do Natal, uma forma de união e reunião, à volta da mesa ou espalhados pela casa com pratos no colo, a comer em pé (no caso das famílias mais numerosas). Nesta altura sabemos que podemos matar saudades daqueles pratos reconfortantes, com sabor a família, as especialidades das tias, as sobremesas da avó! Sabemos, também, que é a altura do ano em que podemos mostrar os nossos dotes culinários, surpreendendo os demais com uma criação ou reprodução nossa.

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Raquel Lacerda e João Antunes são autores do blogue les bons vivants

Quando pensámos em escrever este texto, na expectativa de sugerir receitas novas e mais arriscadas, apercebemo-nos que muito provavelmente ninguém ligaria nenhuma, pois o Natal está muito enraizado dentro de nós, as suas tradições e hábitos, a comida. Do bacalhau, ao cabrito e peru, enquanto pratos mais típicos desta altura, há também quem encha a mesa com outras especialidades nada tradicionais ou natalícias, varia de família para família. E esta é a grande riqueza do Natal, a diversidade e as formas diferentes de viver este dia.

Ainda assim, deixamos três sugestões: uma de bacalhau, uma de carne e enchidos e um doce, que também podem oferecer:

Risotto de vinho tinto com bacalhau

O mais importante do risotto é o caldo e é por aí que se começa. Num tacho sua-se cebola, alho francês, cenoura e salsa (todos cortados em pedaços) em azeite. De seguida refresca-se com um pouco de vinho branco, adiciona-se água até cima, tempera-se com sal e deixa-se a fervilhar em lume brando. À parte, coze-se o bacalhau em água com louro, alho francês e cebola. Quando estiver cozinhado, desfia-se e reserva-se. De seguida pode começar a fazer o risotto (a melhor variedade de arroz em termos de preço/qualidade é a carnaroli): refoga-se cebola picada num tacho ou frigideira (depende da quantidade de arroz) em azeite. Quando esta estiver transparente junta-se arroz e alho picado. Envolve-se tudo até o arroz estar bem frito (até ficar mais branco). Refresca-se com uma quantidade generosa de vinho tinto (convém ser relativamente bom, pois é o elemento principal deste risotto), envolve-se e deixa-se fervilhar para evaporar o álcool. É nesta fase que começa a fase mais crítica de fazer um risotto pois não se pode abandonar o tacho! O processo é o seguinte: vai-se juntando caldo (devidamente escoado por um passador) ao arroz aos poucos, enquanto se mexe cuidadosamente para não partir os bagos. Atenção que mesmo durante este processo o tacho do caldo continua em lume brando. Perto do fim, junta-se o bacalhau e mistura-se. É fundamental, a partir de certo ponto, ir provando para confirmar se o arroz está no ponto – al dente. Para terminar desliga-se o lume, acrescenta-se uma noz de manteiga e rala-se queijo parmesão por cima. Envolve-se tudo e serve-se imediatamente. Se quiser junte umas folhas de salsa picada.

Risotto de cozido à portuguesa

O processo é exactamente igual ao de cima, mas o caldo é feito com carnes de vaca, peru, borrego e porco, enchidos e couve. E em vez do bacalhau, junta-se ao risotto farinheira cozida desfeita e parte das carnes desfiadas. No dia seguinte pode aproveitar o que sobrar do cozido!

Doce de abóbora, canela e noz

É muito simples de fazer. Basta comprar abóbora, de preferência da que vem já embalada, descascada e cortada (visto que descascar abóbora não é fácil) e colocar num tacho ao lume. Se tiver 1 kg de abóbora, deve acrescentar mais ou menos o mesmo em açúcar (cerca de 850 gramas). Acrescente à abóbora e ao açúcar um pau de canela, misture tudo e deixe ao lume. O objectivo é que a abóbora fique desfeita, mas o resultado não deve ser demasiado líquido. Estará no ponto certo quando ao tirar uma colherada, pingar uma “gota” grossa (ao arrefecer engrossa naturalmente um pouco). Retire o pau de canela e desfaça nozes por cima do preparado, a gosto. Se quiser guardar a compota em frascos, para oferecer, deve esterilizá-los antes e secá-los bem. É importante que a quantidade de açúcar não seja menor do que a indicada e que o açúcar cozinhe bem, pois será o conservante natural do doce, sob pena de este se estragar rapidamente.

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