Renato Seabra considerado culpado por júri

O juiz deverá pronunciar uma sentença dentro de quatro a seis semanas. A pena prevista para este tipo de crimes vai de 15 anos de prisão a prisão perpétua.

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Seabra não esteve no julgamento nas últimas duas semanas, mas nesta sexta-feira regressou ao tribunal Reuters

A mulher membro do júri que respondeu à pergunta do juiz sobre se consideravam o réu, Renato Seabra, culpado ou não-culpado de homicídio em segundo grau, teve dificuldade em responder. “Culpado”, disse, engolindo em seco e contendo-se para não chorar.

A decisão do júri para um caso judicial com quase dois anos tinha de ser unânime, por isso, a seguir, os 12 jurados responderam, um a um, se concordavam com o veredicto. “Sim”, responderam todos.

Renato Seabra, de 23 anos, não esteve presente no julgamento nas últimas duas semanas, mas nesta sexta-feira regressou à sala do Tribunal Civil de Nova Iorque para ouvir o veredicto. Mostrou-se impávido, ao contrário do seu advogado, visivelmente desapontado.

A estratégia da defesa foi procurar que Seabra fosse considerado não-culpado do homicídio do cronista social Carlos Castro por razões de insanidade.

O juiz deverá pronunciar uma sentença dentro de quatro a seis semanas. A pena prevista para casos de homicídio em segundo grau, em que o crime é deliberado mas não premeditado, é de 15 anos a prisão perpétua.

Enquanto aguardava o veredicto do júri na sala do tribunal, o advogado de Seabra, David Touger, disse que o juiz que presidiu ao caso, Daniel Fitzgerald, é “um juiz de pena máxima”. Ou seja, esclareceu, não acredita que a pena seja inferior a 25 anos de prisão.

As deliberações do júri, composto  por seis mulheres e seis homens, demoraram cerca de seis horas, entre a tarde de quinta-feira e o meio da tarde de sexta-feira (depois das nove da noite na hora de Lisboa).

O julgamento, que começou a 5 de Outubro, não serviu para determinar se o jovem português matou Carlos Castro, de 65 anos – nenhuma das partes disputou isso. O que esteve em causa foi se Renato Seabra estava ou não consciente dos seus actos quando matou Carlos Castro, dada a natureza violenta do crime e o seu comportamento antes e depois.

Durante o julgamento, David Touger chamou a testemunhar uma dezena de médicos dos hospitais por onde Seabra passou depois do crime. Os médicos suportaram a tese de que o réu demonstrara um comportamento psicótico. A acusação, por seu lado, insistiu que Seabra fabricou o comportamento invulgar para ser ilibado por insanidade e defendeu a sua culpabilidade. Foi essa versão que predominou entre o júri.

Os crimes envolvendo a tese de insanidade constituem 1% dos casos judiciais que chegam a julgamento nos Estados Unidos e destes, a tese só vingou num quarto dos casos. Ou seja, é uma estratégia rara e arriscada.

No final do veredicto, antes de ser levado para fora da sala, Renato Seabra olhou para trás, na direcção da mãe, e sorriu ligeiramente. A mãe, Otília Pereirinha, recusou falar aos jornalistas.

 
 
 

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