Empresários perguntam por 35 milhões das contrapartidas de cluster eólico

Em causa está a instalação do consórcio Eólicas de Portugal em Viana do Castelo.

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Hugo Delgado

O presidente da Associação Industrial do Minho (AIM) apelou hoje para que seja explicado o destino dado aos 35 milhões de euros de contrapartidas atribuídas a Portugal pela instalação de um cluster eólico.

“Não sei onde está esse dinheiro. Temos de questionar se está em Lisboa ou noutro sítio. Foi dado parte a Viana do Castelo, para investir, mas não o vejo. Ninguém vê”, afirmou António Marques, reclamando “explicações” sobre o processo, que já leva cerca de oito anos.

Em causa está a instalação em Viana do Castelo do consórcio Eólicas de Portugal (ENEOP), vencedor do concurso público lançado em 2005 para a instalação de 1200 megawatts (MW) de potência eólica.

Com um investimento global de 1700 milhões de euros, a vitória deste consórcio permitiu a instalação em Viana do Castelo de cinco fábricas da multinacional alemã Enercon, gigante mundial na produção de aerogeradores e que emprega na região cerca de 1700 pessoas.

Como contrapartidas, previstas no concurso lançado pelo Ministério da Economia, a ENEOP atribuiu ainda, na altura, 35 milhões de euros para um novo fundo para a inovação e investigação.

O presidente da AIM garante que este fundo foi negociado para que “pelo menos uma parte” fosse investido na região. “Essas dezenas de milhões de euros de contrapartidas não estão investidas em Viana do Castelo. Com certeza que alguém vai responder que não estão [investidas em Viana], mas vão ser”, afirmou António Marques, reclamando uma “maior atenção” para a região.

“A política pública tem de colocar fichas, e muitas, em Viana do Castelo e no Alto Minho. É importante reequilibrar algumas coisas que não têm feito”, disse ainda.

As declarações de António Marques foram feitas durante o congresso internacional sobre políticas de energia, organizado pela AIM, autarquia e Associação Empresarial de Viana do Castelo, que arrancou esta quinta-feira naquela cidade. Durante o evento foi ainda definido o objectivo de assumir Viana do Castelo como “capital completa das energias renováveis” em Portugal.
 
 

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