Sarkozy chamado para mediar "guerra civil" na UMP

Alain Juppé falhou tentativa de mediação entre Jean-François Copé e François Fillon, os dois candidatos à liderança do maior partido da direita francesa.

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Juppé diz que só Sarkozy tem autoridade para encontrar uma solução que salve o partido Eric Feferberg/AFP

Alain Juppé atirou a toalha ao chão, desistindo de mediar o conflito que se arrasta há uma semana entre os dois candidatos à liderança da União para o Movimento Popular (UMP) e que ameaça a sobrevivência do maior partido da direita francesa. O antigo primeiro-ministro passou o testemunho a Nicolas Sarkozy, dizendo que “é o único com tem autoridade suficiente” para sanar a contenda.

“É a sua vez de tentar”, disse Juppé à rádio RTL, horas depois de se ter reunido com Jean-François Copé, dado como vencedor das eleições internas de 18 de Novembro, e o ex-primeiro-ministro François Fillon, que denuncia a existência de irregularidades na contagem, que terminou com os dois rivais separados apenas por 95 votos. O antigo líder da UMP descreveu o encontro como “muito tenso” e explicou que se demitiu porque a sua iniciativa de mediação não obteve consenso: “Se eles não aceitam [as minhas propostas] não tenho qualquer poder para as impor”.

Juppé diz que os dois rivais devem esperar pelos resultados da comissão de recurso do partido – que esta manhã se voltou a reunir para analisar as queixas apresentadas pelos dois candidatos – e que, se as divergências persistirem, então deverá entrar em campo o ex-Presidente. "Parece claramente que ele é o único que hoje tem autoridade suficiente para propor eventualmente uma saída”, disse o influente dirigente.

A imprensa francesa, que cita fontes próximas de Sarkozy, adianta que o ex-Presidente, derrotado em Maio por François Hollande, não teria intenções de regressar tão cedo à cena política – não apoiou nenhum dos candidatos à liderança da UMP e não chegou sequer a votar. O que não impede de “manter-se muito atento ao que se passa na sua família política”, disse, domingo à noite, Brice Hortefeux, seu antigo ministro do Interior e amigo pessoal.

Certo é que Sarkozy almoça nesta segunda-feira com Fillon, admitindo-se que poderá tentar dissuadir o ex-primeiro-ministro de levar a disputa eleitoral para os tribunais. Uma solução que arrastaria o processo, mas que Fillon parece apostado em seguir – esta manhã um oficial de justiça a mando de um tribunal de Paris deslocou-se à sede da UMP para apreender os registos eleitorais com vista a um eventual processo legal.

Uma solução que parece ganhar caminho dentro do partido é o da repetição do escrutínio, uma via que agradaria a Fillon, mas que é rejeitada por Copé, alegando que tal não está previsto nos estatutos do partido e que a decisão final deve passar pela comissão de recurso. “A eleição já aconteceu”, disse o candidato, explicando que “quando há fraudes numa parte ínfima do eleitorado não se deve pedir a toda a gente para voltar a votar”.
 

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