Um cancro matou J.R. Ewing

Um cancro na garganta provocou a morte, aos 81 anos, de Larry Hagman, o actor que se celebrizou como J.R. Ewing, o vilão da série Dallas.

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Larry Hagman estava de volta, como JR, numa sequela da série Dallas Mario Anzuoni/Reuters

Foi o mais famoso vilão das noites televisivas dos anos 80. Larry Hagman, mais conhecido como J.R. Ewing, e um dos protagonistas principais da série Dallas, morreu sexta-feira aos 81 anos com um cancro na garganta. Depois de durante mais de uma década ter passeado o seu chapéu de cowboy e o seu copo de whiskey pelo meio dos campos de petróleo de Dallas, sempre que possível infernizando a vida do irmão Bobby e da mulher, Sue Ellen, J.R. estava de volta, numa sequela da série.

Dallas 2012 centra-se na geração seguinte, os filhos das personagens que nos anos 80 tornaram Dallas uma das séries mais famosas da televisão – foram 13 temporadas, entre 1978 e 1991, com alguns episódios a atingirem uma audiência de 350 milhões por todo o mundo. “Larry tinha regressado à sua amada cidade de Dallas, e ao icónico papel que ele mais adorou”, disse a família num comunicado anunciando a morte do actor. Hagman terá passado os últimos momentos junto da famíli,a mas também de alguns dos amigos mais próximos, como Linda Gray, que na série foi Sue Ellen, e Patrick Duffy (Bobby).

“Quem matou J.R.?” foi a pergunta que manteve suspensos milhões de espectadores no final da segunda temporada de Dallas. O episódio de 21 de Março de 1980 terminou com J.R. alvejado com dois tiros por um desconhecido, e só a 21 de Novembro – depois de um Verão em que muitos americanos usaram t-shirts com frases como “Who shot JR?” ou “I shot J.R.” – é que o mistério foi esclarecido e o público soube que J.R. tinha sobrevivido.


 
 
 
 


 
Larry Hagman era filho de uma actriz, Mary Martin, e de um advogado texano que, conta o El País, tinha entre os seus amigos alguns desses magnatas do petróleo em muito parecidos com a personagem que mais tarde Hagman viria a encarnar. Começou a sua carreira como actor logo pela televisão, no papel do astronauta Nelson na série I Dream of Jeannie, entre 1965 e 1970.
 
 Em 78 começa Dallas e, contou o argumentista David Jacobs ao The New York Times, embora o protagonista principal fosse inicialmente Bobby Ewing, foi JR quem rapidamente conquistou espaço, tornando-se a personagem central da série.
E no entanto, segundo confessou o próprio actor ao mesmo jornal numa entrevista de 2011, esteve alcoolizado a maior parte do tempo. O entrevistador pergunta-lhe se pode partir do princípio que Hagman estava bêbado em todas as cenas, e a resposta não deixa margem para grandes dúvidas: “Yeah.”
 
 Casado desde 1954 com a actriz Maj Axelsson, de quem teve dois filhos, Hagman criou uma imagem associada a uma vida de festas e excessos – e não só por causa de JR. Conta o El País que a casa do actor em Malibu, na Califórnia, ostentou durante anos uma bandeira que dizia “A vida é uma festa”. Hagman terá contado em entrevistas que bebia geralmente quatro garrafas de champanhe por dia, e admitiu ter experimentado LSD e marijuana. Tornou-se abstémio depois de, nos anos 90, ter sofrido uma cirrose e um cancro no fígado, que o obrigou a fazer um transplante.
 
 Quando o The New York Times lhe perguntou em 2011 sobre a morte, respondeu que gostaria de ser cremado e de ter as cinzas espalhadas sobre um campo onde fosse plantado trigo e marijuana em quantidade suficiente para, mais tarde, se fazer um enorme bolo de marijuana para 200 ou 300 pessoas – assim estas comeriam um pouco de Larry.
 
 
 
 
 
 

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