A tartaruga Lonesome George poderá ser ressuscitada, ou quase

Há um plano para cruzar 17 tartarugas com traços genéticos parecidos com os de Lonesome George, a famosa tartaruga das Galápagos que morreu em Junho.

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Lonesome George foi encontrado em 1972, na ilha de Pinta DR

“Lonesome George” era a única tartaruga da sua subespécie, vivia nas ilhas Galápagos e era conhecida em todo o mundo. Em Junho deste ano, o solitário George morreu e assim se extinguia toda uma subespécie, a “Geochelone nigra abingdoni”. Mas os cientistas dizem agora ter encontrado uma solução para o trazer de volta, ou quase.

A reprodução entre 17 tartarugas, cujos antepassados se terão cruzado com animais da mesma subespécie do Lonesome George, poderá trazê-lo de volta, pelo menos em parte. É que as 17 tartarugas têm características genéticas semelhantes às da famosa tartaruga. Com vários cruzamentos, os cientistas pretendem ir seleccionando os traços mais aproximados aos da famosa tartaruga. Mas este processo de selecção artificial só deverá dar frutos daqui a 100 a 150 anos, altura em que esperam ter um pequeno Lonesome George.

Se o projecto for bem-sucedido, um animal parecido com a tartaruga tão adorada poderá estar de volta e, quem sabe, levar muitos turistas ao Parque Nacional das Galápagos só para o verem. No ano passado, o parque recebeu cerca de 180 mil visitantes.

Agora, um estudo do parque e da Universidade de Yale, nos EUA, permitiu a descoberta de pelo menos 17 tartarugas na ilha Isabel, no mesmo arquipélago: “Na população de tartarugas que vive na zona do vulcão Wolf, há 17 que têm traços genéticos das tartarugas da ilha de Pinta, de onde vem o Lonesome George”, disse à agência Reuters Edwin Naula, o director do parque.

Os investigadores pensam que os antigos marinheiros poderão ter lançado ao mar algumas tartarugas da ilha de Pinta e elas terão encontrado o caminho até à ilha Isabel, onde acasalaram com tartarugas locais. Ter-se-á dado assim uma mistura genética entre as tartarugas das duas ilhas – e as 17 tartarugas terão herdado material genético da subespécie do Lonesome George.

Ele era considerado o animal mais ameaçado de extinção pelo livro Guinness dos recordes. Foi encontrado em 1972 na ilha de Pinta, quando se pensava que já estava extinta, e houve várias tentativas para que acasalasse com fêmeas de outra subespécie, com as quais tinha alguma compatibilidade genética. Lonesome George nunca se mostrou muito interessado nas companheiras impostas.

Este ano foi encontrado morto, quando tinha cerca de 100 anos de idade, quase metade da sua esperança média de vida. Sem descendentes, foi um golpe tão duro para o parque das Galápagos que os seus responsáveis vão embalsamar o corpo. “Estamos prestes a começar isso”, disse Edwin Naula. “Planeamos fazê-lo com o Museu de História Natural de Nova Iorque. Actualmente, o corpo está congelado em azoto.”

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