John McAfee está fugido da polícia, em lugar desconhecido e sem Internet

O criador do conhecido software antivírus McAfee, que estava radicado no Belize, criou no sábado um blogue, onde tem tentado provar a sua inocência no homicídio de que é acusado.

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McAfee tinha-se radicado no Belize AFP

As duas últimas publicações no blog de John McAfee, que é acusado pelas autoridades do Belize da morte de um vizinho, foram feitas quarta-feira, mas não por ele. Foram publicadas com o título “Update from John”, e o primeiro aviso foi de que McAfee teria dito que “algo tinha acontecido” e, por isso, teve de se mudar para outro local, onde ainda está sem acesso à Internet. Desconhece-se o paradeiro do empresário, mas ele quis fazer saber que está “em segurança” e que escolheu o London Financial Times para falar sobre o caso.

O criador de um dos antivírus mais populares do mercado, o McAfee VirusScan, afirma neste blogue que já modificou várias vezes a sua aparência para se esconder das autoridades.

McAfee está como fugitivo depois do assassinato de Gregory Faull, um empresário americano de 52 anos que foi encontrado morto pela governanta na semana passada, na sua própria casa, na cidade de San Pedro, na ilha de Ambergris Caye, no Belize, com um tiro na cabeça. As autoridades do Belize dizem que McAfee é uma “pessoa de interesse” para a investigação e querem interrogá-lo. O milionário reclama a sua inocência.

Escrever um blogue foi a forma escolhida pelo multimilionário para descrever como se tem escondido da polícia do Belize através de vários disfarces bastante elaborados: desde escurecer a pele com graxa dos sapatos, a encher a boca de pastilhas elásticas para parecer mais gordo. Até já se disfarçou de turista alemão bêbedo. McAfee diz conseguir ver as acções da polícia com estes disfarces, afirmando ter visto as autoridades a colocar provas falsas na sua casa, segundo o Huffington Post.

Faull vivia na casa ao lado de McAfee, e os dois estiveram envolvidos numa longa disputa anterior à sua morte, segundo moradores, diz a AFP. De acordo com o Guardian, tal como outros vizinhos, Faull queixava-se do barulho dos cães que McAfee tinha em casa. A teoria é exactamente a de que Faull teria envenenado os cães de McAfee, e que isso lhe poderia dar um motivo para o homicídio, daí ser um suspeito e a polícia o querer interrogar. No entanto, o criador de antivírus acusa antes a polícia do envenenamento, dizendo ao Guardian que não acredita que tenha sido Faull porque ele era um amante de cães.

As autoridades disseram à AFP que não havia nenhum sinal de arrombamento na casa de Faull, apenas faltavam um computador portátil e um telemóvel.

A polícia foi à residência de McAfee para o interrogar sobre o assassinato do seu vizinho mas o suspeito não foi encontrado, disse o chefe da brigada contra o crime organizado, Marco Vidal, à AFP, acrescentando que McAfee é procurado por “homicídio”.

O multimilionário de 67 anos admitiu ainda, à revista Wired, ter-se enterrado a si próprio na areia, com uma caixa de papelão sobre a cabeça para conseguir respirar, para ver a polícia a revistar a sua casa. “Foi muito desconfortável", disse ele, "Mas eles [os agentes da polícia] matavam-me se me tivessem encontrado", diz McAfee. "Podem dizer que sou paranóico, mas a polícia quer matar-me, quer calar-me. Eu não gosto muito do primeiro-ministro", acrescenta à AFP. A polícia do Belize já antes tinha feito uma busca à residência de McAfee, à procura de armas e drogas, e colocara-o sob custódia durante várias horas.

McAfee não desiste de reclamar a sua inocência em relação ao homicídio, chegando ao ponto de divulgar a oferta de 25 mil dólares (19 mil euros) de recompensa a quem conseguisse capturar os responsáveis.

Em entrevista à Wired, McAfee disse não saber nada acerca do homicídio de Faull, mas que pensa que o agressor o queria assassinar a ele e não ao vizinho, admitindo que isso o assusta. Diz temer não só pela sua liberdade, mas pela própria vida.

McAfee disse ao Guardian que não se quer entregar porque a última pessoa que o fez foi baleada 14 vezes e que espera trazer atenção às injustiças do Belize, opondo-se ao regime.

Joshua Davis, da Wired, e Jeff Wise são ambos jornalistas e foram as pessoas que mais de perto conheceram a vida de McAfee. Segundo Wise, McAfee “é impulsivo, gosta de controlar as pessoas, de atenção, de pôr as pessoas a fazer o que ele quer e de pô-las a fazer o que elas não querem”. McAfee disse que a biografia de Wise “mancha a sua imagem”, e que só o fez porque a sua comitiva enviou fotografias comprometedoras de Wise com outra mulher à esposa. Wise diz que isto é falso, segundo o Guardian.

Quanto a Davis, defende na sua publicação que neste momento McAfee está a tentar confundir as pessoas, descrevendo o excêntrico empresário de software como “extremamente inteligente, e extremamente paranóico”, segundo o Guardian.

Davis diz que houve sempre algo “não usual" em McAfee. "O empresário fez uma fortuna com o software antivírus, mas também foi viciado em cocaína durante anos. Quando se mudou para o Belize, começou a dar-se com assassinos e prostitutas e apaixonou-se por uma jovem de 17 anos”.

McAfee não leu o livro electrónico de Davis, “John McAfee’s Last Stand”, editado pela Wired, mas discorda da interpretação de si mesmo como paranóico feita pelo autor, segundo o Guardian.

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