Papercutz: do mundo para Lisboa e Porto

São mais conhecidos em alguns círculos estrangeiros do que propriamente em Portugal. Esta quarta-feira, no Ritz Club, em Lisboa, e amanhã, quinta- feira, no Plano B do Porto, vão tentar inverter essa equação, na apresentação do novo álbum.

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São mais um daqueles casos de maior visibilidade lá fora do que cá dentro, embora falar nesses termos no mundo globalizado de hoje talvez não faça sentido. Dizemo-lo nós e di-lo Bruno Miguel, mentor do projecto Papercutz, que se apresenta esta quarta-feira (22h) ao vivo no Ritz, em Lisboa, e quinta-feira no Plano B (21h30) do Porto.

Ao longo dos dois últimos anos o projecto ganhou visibilidade junto de várias pequenas famílias internacionais, através da feitura de remisturas (Sun Glitters, Abadabad ou os Heart Shaped Rock com a cantora Nite Jewel) e por alguns lançamentos em editoras americanas e europeias. Finalmente, para completar esse circuito, o novo álbum foi produzido em Nova Iorque por Chris Coady, conhecido por ter trabalhado com os americanos Beach House, TV On The Radio, Gang Gang Dance ou Yeah Yeah Yeahs.

No centro das atenções, hoje e amanhã, estará o álbum The Blur Between Us, o segundo do projecto luso-americano, depois da estreia com Lylac. Os :Papercutz praticam uma pop electrónica de contornos escuros, com qualquer coisa de etéreo e sonhador, um tipo de sonoridade com mais afinidades globais (Zola Jesus, The Knife) do que propriamente com o cenário português. Ao lado de Bruno estará a cantora nova-iorquina Melissa Veras e um dos percussionistas do projecto Re-Timbrar, André Oliveira.

O lado mais orquestral presente nas novas canções será reproduzido digitalmente, embora no passado recente já tenham actuado pontualmente com músicos que tocam essas partes. “Quando metemos mais gente em palco a dinâmica é mais orgânica e os instrumentos acústicos ganham mais realce” reconhece Bruno. “No disco colaboraram alguns músicos de formação clássica e já consegui dar concertos com eles – com mais quatro músicos, em cordas e metais, mas em termos logísticos é difícil conseguir tocar periodicamente com esses músicos. É por isso que toda a componente clássica é substituída pela reprodução electrónica.”

Já a introdução de um percussionista não é surpreendente. Nas novas canções existe um pendor ritualístico muito forte, transportado pela sonoridade mais percussiva. “Gosto de trabalhar com outras pessoas” diz-nos Bruno, “aliás o projecto torna-se mais interessante, ganhando profundidade e um tipo de organicidade diferente quando trabalho com outros músicos, embora ele parta muito de mim.” Hoje e amanhã, há um projecto para descobrir pelo grande público, do Porto para o mundo, e deste para Portugal.
 

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