Guerra aberta à Nutella em França

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O creme de chocolate é um ícone dos produtos com óleo de palma Foto: Tim Shaffer/Reuters

O combate à obesidade em França chegou à Nutella. O Senado francês quer castigar todos os produtos de alimentos ricos em óleo de palma, ingrediente deste famoso creme para barrar. A medida surge depois de o país ter aumentado também os impostos sobre bebidas energéticas ou a cerveja.

Nutella no pão, em crepes, ou simplesmente à colher para os mais gulosos. Os franceses consomem 75 mil toneladas de Nutella por ano e 126.000 toneladas de óleo de palma em produtos como este creme de chocolate e avelã. Os senadores entendem que chegou a altura de criar uma “taxa” – que já foi baptizada com o nome da marca criada em 1920.

O principal objectivo é sancionar a utilização de óleo de palma na confecção de produtos alimentares, já que este ingrediente tem efeitos negativos na saúde. Aliás, na Alemanha, por exemplo, a Nutella é também uma campeã de vendas mas com uma receita adaptada às exigências do país, com menos quantidade de óleo de palma e mais cacau.

Yves Daudigny, socialista promotor da iniciativa apresentada na semana passada na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, explica, citado pelo El Mundo, que “este perigoso ingrediente é um dos componentes do chocolate mas também se utiliza na elaboração de outros produtos, como saladas e doces para crianças”.

Daudigny esclareceu que se pretende aumentar o actual imposto em 300%, já que a própria Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação de França alertou que a população ingere demasiadas gorduras saturadas, com efeitos claros no aumento do número de obesos e de pessoas com doenças cardiovasculares. Estima-se que o aumento do imposto contribua com mais 300 euros por cada tonelada consumida para os cofres públicos (actualmente são cerca de 98 euros), o que representa uma receita anual de 40 milhões por ano. As verbas do projecto de lei, refere o Le Monde destinam-se a financiar a Segurança Social do país.

O senador esclarece, contudo, que o imposto visa sobretudo que a indústria agro-alimentar substitua o óleo de palma por outras alternativas mais saudáveis, e não tanto castigar os consumidores gulosos. Um argumento que não convence os produtores, que garantiram que o aumento do imposto levará a um aumento do preço dos produtos para as famílias.

A extracção de óleo de palma tem também estado na mira dos ambientalistas, já que o aumento do consumo deste produto tem levado à desflorestação de várias regiões do mundo, sobretudo em zonas tropicais como a Indonésia, maior produtor mundial de óleo de palma.

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