Operadores portuários desafiam Governo a colocar militares no lugar dos estivadores

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Dificuldade em submeter declarações aduaneiras gera prejuízos elevados. Carlos Lopes/Arquivo

A Associação dos Agentes de Navegação de Portugal (AGEPOR) desafiou o Governo a substituir os estivadores em greve nos portos portugueses por militares, pois, no seu entender a requisição civil já não vai resolver o actual impasse a que o sector chegou.

O braço de ferro entre estivadores, operadores portuários (actividades relacionadas com os fretes: recebem e expedem as encomendas e tratam da área comercial) arrasta-se desde Agosto e está a pôr em causa as exportações nacionais.

“Como sequência da greve na estiva que tem vindo a 'destruir' a actividade económica nos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz”, a Associação dos Agentes de Navegação de Portugal, veio já defender, através de um nota enviada à comunicação social, que a requisição civil (serviços mínimos), que alguns dizem ser a “opção passível para resolver os problemas” gerados pelo “surto” de greves dos portos nacionais, não conseguirá repor o funcionamento do sector.

O impasse nas negociações entre o Governo e os sindicatos do sector portuário levou o Ministério da Economia a decretar, de modo unilateral, serviços mínimos, nos portos de Lisboa e Setúbal, que respeitam, segundo as autoridades, o que foi “acordado entre operadores e sindicatos a 26 de Outubro.”

As paralisações dos estivadores começaram, ainda que de forma intermitente, no início de Agosto. Hoje, o presidente do Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul reagiu ao anúncio da requisição civil anunciando um novo pré-aviso de greve entre 28 de Novembro e 5 de Dezembro. O sindicalista advertiu o Governo para o facto de ser “preferível encontrar acordos pelo diálogo do que pela imposição”.

Em comunicado, hoje divulgado, a AGEPOR reagiu de modo violento à nova convocação de greve e considerou que a situação “é tanto mais revoltante quando aos estivadores em greve lhes foi já garantida pelos seus empregadores, contrariamente ao que sucede com a generalidade de todos os outros trabalhadores portugueses, a protecção dos postos de trabalho e níveis de rendimento que, como é do conhecimento público, são bem acima da média nacional”.

Os operadores portuários lembram que “no contexto actual em que o país se encontra – numa situação de resgate internacional e de emergência nacional – a quebra nas exportações” está a por em causa “todo o esforço” realizado pelos portugueses. Por esta razão aconselham o Governo, que, em seu entender tem estado passivo, a equacionar adoptar medidas “de total excepção”, nomeadamente, “colocando os militares a operar os portos em greve.”

A AGEPOR alerta as autoridades para o facto de “os armadores, os seus associados e outros actores económicos sedeados nos portos em greve” estarem, neste momento, a operar em prejuízo continuado e começam a ter dificuldade em garantir os postos de trabalho”.

Na nota enviada à comunicação social os operadores portuários avisam que “as empresas e fábricas que estavam a ter na exportação a única saída para a crise no mercado interno, vêem frustrado o seu enorme esforço de sobrevivência, por falta de matérias-primas para transformar e por atrasos sistemáticos no envio das suas exportações, colocando em causa a sua sobrevivência”. Os mesmo ...lembram ainda que as “empresas e fábricas começam, por incumprimento de prazos de entrega, a ter cancelamentos na carteira de encomendas” e que muitas “não resistirão e o seu pessoal e operários irão engrossar os números trágicos do desemprego”.

Contactado, o Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul, não quis comentar a proposta dos operadores portuários.

Notícia actualizada às 14h53

Acrescenta posição do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul.

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