FBI descobriu affair do general David Petraeus após queixa de uma outra mulher

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David Petraeus e Paula Broadwell no Afeganistão AFP

A investigação do FBI que revelou o caso do director da CIA, David Petraeus, com a sua biógrafa Paula Broadwell avançou após a apresentação de uma queixa por uma “mulher próxima” do general, que estava a receber mensagens ameaçadoras avisando-a para se “afastar e manter longe” dele, revelou o jornal The Washington Post.

De acordo com aquele diário, a receptora desses e-mails anónimos, que as fontes do Post garantem não ser funcionária da CIA, ter-se-á assustado com o volume e a agressividade das ameaças, tendo recorrido ao FBI para protecção. A denúncia levou à abertura de um processo por suspeita de assédio e perseguição e à identificação de Paula Broadwell como a autora das ameaças. A complicação começou quando os investigadores seguiram o rasto das mensagens de Broadwell até à caixa de correio do general David Petraeus.

O envolvimento de Petraeus na trama levou o FBI a suspeitar de uma situação de pirataria informática e quebra de confidencialidade potencialmente comprometedora para a segurança nacional. No entanto, o carácter sexual das mensagens de Broadwell para Petraeus – bem como o tom ciumento das suas ameaças à outra mulher – terá deixado claro que se tratava de uma intriga emocional e não de uma conspiração criminosa com possíveis implicações na política externa norte-americana.

Apesar de essa hipótese ter sido descartada, o FBI e a CIA estão debaixo de fogo desde que a demissão de Petraeus foi anunciada, na sexta-feira. Vários legisladores, entre os quais o congressista republicano Peter King que preside ao comité de Segurança Nacional da Câmara de Representantes e a senadora democrata Dianne Feinstein que dirige o comité de Serviços Secretos na câmara alta, exigem saber qual o motivo que levou o FBI a conduzir a investigação “durante meses” sem que a Casa Branca e o Congresso fossem informados.

A lei exige que qualquer desenvolvimento considerado “significativo” para a segurança nacional seja notificada a ambos os comités de serviços secretos do Congresso (que reúnem à porta fechada). Aparentemente, o entendimento do FBI foi de que a investigação tinha revelado uma questão pessoal e não um problema nacional – na troca de correspondência entre Petraeus e Broadwell não foram encontrados indícios de ilegalidades ou crimes, nem a divulgação de documentos confidenciais ou segredos de Estado. A maior parte das mensagens entre os dois foi trocada nas suas contas privadas no gmail, o servidor de correio electrónico do Google.

De acordo com a cronologia ontem divulgada, o FBI entrevistou David Petraeus pela primeira vez em Outubro, mas o Director Nacional de Inteligência James Clapper, que é o seu superior hierárquico, só foi informado pelo departamento de Justiça sobre a existência de uma “investigação comprometedora para o director da CIA” na tarde de 6 de Novembro, a terça-feira das eleições presidenciais. Clapper conversou então com Petraeus, e no dia seguinte comunicou o caso ao conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Tom Donilon, dizendo que a sua opinião era de que o director da CIA não podia permanecer no cargo.

No dia 8 de Novembro, o Presidente Barack Obama foi posto ao corrente do assunto e convocou David Petraeus à Casa Branca. O general apresentou de imediato a demissão, e segundo os relatos, fez questão de dizer que não estava disposto a reconsiderar a decisão. Só na sexta-feira de manhã é que o Presidente aceitou a saída do director da CIA.

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