Coliseu do Porto classificado como monumento de interesse público

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O Coliseu é importante para a memória colectiva da cidade, diz a SEC Fernando Veludo/NFactos

Despacho ainda foi assinado por Francisco José Viegas, que, antes de deixar a Secretaria de Estado da Cultura, concluiu vários processos de classificação de edifícios propostos pelo Igespar.

O Coliseu é nosso!" A frase, muitas vezes repetida, marcou, em 1995, a contestação à entrega do edifício histórico do centro do Porto à Igreja Universal do Reino de Deus. Desde ontem, com a publicação do despacho que classifica o edifício como monumento de interesse público, o Coliseu deixa de ser, em definitivo, apenas dos portuenses, para se tornar um pouco mais de todos os portugueses.

O edifício inaugurado em 1941, e a que Cassiano Branco imprimiu a sua singularidade, recebe a distinção de cara lavada, depois da intervenção de que foi alvo em Agosto do ano passado. Os planos da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto (AACP) incluem obras mais profundas no interior do edifício (que não incluem a sala principal) e a criação de novos espaços, mas não se conhece um calendário para estes projectos, sujeitos à disponibilidade financeira dos gestores.

Definida está a classificação, que o ex-secretário de Estado da Cultura Francisco José Viegas assinou no dia 22 de Outubro. O Coliseu é já um monumento de interesse público, com a respectiva zona especial de protecção, que abarca quase todo o quarteirão em que o edifício está inserido. De acordo com o despacho, ontem publicado em Diário da República, os critérios que pesaram na decisão de classificar o edifício foram "o carácter matricial do bem, o génio do respectivo criador, o seu valor estético intrínseco, a sua concepção arquitectónica e urbanística, a sua extensão e o que nela se reflecte do ponto de vista da memória colectiva".

O despacho considera que o Coliseu é a "obra síntese que encerra o percurso moderno de Cassiano Branco", denunciando o seu interesse pelo "movimento e ideia cinematográfica de espaço". O Coliseu é, efectivamente, um edifício atribuído a Cassiano Branco, ainda que não tenha sido o autor inicial do projecto. Em 1937, quando o processo de criação se inicia, são José Porto, Jan Wills e Júlio José de Brito quem apresenta as primeiras propostas (a última das quais foi rejeitada).

Cassiano Branco só é chamado ao projecto em 1939, mas ainda muito a tempo de redesenhar várias das suas partes, incluindo toda a fachada e a forma como os diferentes espaços (incluindo o palco, já construído) se articulam. Ninguém tem dúvidas que é a sua marca que prevalece no resultado final.

Inaugurado, conforme se disse, em 1941, e ameaçado pela possibilidade de perder a sua função como principal sala de espectáculos do Porto, em 1995, o Coliseu foi ainda palco de um grave incêndio, em 1996, quando a AACP já assumira a sua gestão. No ano passado, a associação avançou com a primeira parte de um projecto orçado em 1,5 milhões de euros, que pretende dotar o edifício de um novo museu, um espaço de café-concerto e uma esplanada no topo. Contudo, por enquanto, só o átrio foi reabilitado.

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