Que a força esteja com a Disney - pedem os fãs de Star Wars

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Yoda numa das cenas de Episódio III: A Vingança dos Sith REUTERS

Os fãs ficaram atordoados com a notícia: George Lucas não vai fazer mais Star Wars. O realizador passou o testemunho à próxima geração de cineastas e vendeu a sua empresa à Disney

A primeira imagem em que Pedro Rebelo pensou quando soube da aquisição da empresa de George Lucas pela Disney foi num "Darth Vader com a cabeça de Mickey". Fã declarado da "saga das estrelas", Pedro Rebelo, um web strategist de 38 anos, está de pé atrás com os desenvolvimentos que o império Disney pode trazer à história original. Jorge Sousa, um fã mais novo, também receia a desilusão de "um mundo que já é perfeito". Ontem, não pararam os trocadilhos na imprensa mundial com uma das frases mais famosas do cinema do século XX: "Que a força esteja contigo!"

A notícia caiu anteontem ao início da noite como uma bomba no meio da indústria cinematográfica. George Lucas, criador de Star Wars, vendeu a sua produtora Lucasfilm e respectivo espólio à Walt Disney. A multinacional disse que a saga de Skywalker vai continuar até ao episódio IX com a realização de três novos filmes. A Guerra das Estrelas: Episódio VII tem data agendada para 2015.

A compra da Lucasfilm por 3,1 mil milhões de euros faz parte da continuação da estratégia de "apresentar ao público um conteúdo criativo excepcional", disse Robert A. Iger, presidente da Walt Disney, através de um comunicado que está no site da empresa norte-americana. Os direitos de Indiana Jones também estão incluídos no negócio.

Projectos experimentais

George Lucas sempre soube que um dia teria de se afastar de Star Wars. A ambição do visionário é criar projectos filantrópicos e produzir filmes mais experimentais. No comunicado da Disney, Lucas disse que "não podia arrastar" a empresa para esse projecto.

Kathleen Kennedy, que co-dirigia a produtora com George Lucas, mantém-se como presidente e fica agora com os direitos criativos de Star Wars. Lucas, que ganhou 40 milhões de acções da Disney, será o "consultor criativo" dos próximos três capítulos.

Mas o que se pode agora esperar da próxima trilogia sob as asas da Disney? O presidente da Disney revelou que o acordo inclui "muitos detalhes sobre o tratamento dos próximos três filmes". Lucas disse que tinha chegado a hora de passar Star Wars à próxima geração de realizadores. "Sempre acreditei que Star Wars podia viver para além de mim."

Enquanto fã, Jorge Sousa, de 21 anos, recém-licenciado em Comunicação Social, prefere que a Disney não "manche" a saga, mesmo que esteja prometida a consultadoria do autor da história. Pedro Rebelo lembra que ainda há muitas personagens secundárias a explorar, por exemplo, num spin-off. É o que uma das rivais da Disney, a Warner Brothers, já faz há algum tempo com Star Wars: a Guerra dos Clones. A série é um spin-off que Jorge Sousa e Pedro Rebelo não se importavam de ver retratado na trilogia anunciada.

Muitas especulações

No seu comunicado, a Disney afirma a possibilidade de retratar o universo de mais de 17 mil personagens "em milhares de planetas ao longo de 20.000 anos". A inspiração pode ter resultado nos planos que a empresa terá para a história. Pedro Rebelo, por muito que se insista, não consegue propor uma continuação, porque o vilão Darth Vader já morreu.

A acção dos futuros três episódios é desconhecida, mas as especulações não param. O Hollywood Reporter elaborou uma lista de 15 potenciais realizadores para a triologia, que inclui os nomes de J.J. Abrams (Star Trek), David Yates (Harry Potter), Christopher Nolan (Batman) e Jon Favreau (do franchise de Iron Man).

Pedro e Jorge são unânimes em admitir que os últimos três filmes, apresentados como prequela da história original, viram a acção das personagens subvalorizada em detrimento de uma "digitalização saturada" pelos efeitos especiais.

Para Jorge, Star Wars sempre fez parte do seu mundo de criança. Pedro Rebelo de 38 anos voltou a ligar-se à saga com o nascimento da sua filha e considera Star Wars como "ponto fulcral" da sua vida.

A presença hegemónica da Disney sobre o mercado cinematográfico norte-americano ganha assim novos contornos, depois da a empresa já ter adquirido a Pixar em 2006 por 5,7 mil milhões de euros e em 2009 a Marvel Comics por um valor semelhante ao acordo com Lucas, 3,1 mil milhões de euros. O filme Os Vingadores de super-heróis da BD lançado este ano pela Marvel é já a terceira produção mais rentável de sempre no cinema com receitas de bilheteira a exceder os 1,5 mil milhões de dólares.

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