Jornalista grego que divulgou evasores fiscais vai a julgamento na quinta-feira
O jornalista Costas Vaxevanis, 46 anos, compareceu na segunda-feira no tribunal penal de Atenas onde vai ser julgado por violação de dados pessoais para pedir um adiamento do seu processo, o que lhe foi concedido pelos juízes.
“Em vez de lutar contra os crimes de fraude e de fuga ao fisco, a justiça ocupa-se de mim, que só me limitei a cumprir o meu dever, o meu dever de transparência”, disse Vaxevanis aos jornalistas à saída do tribunal.
Numa altura em que o país está submetido a duras políticas de austeridade e em que muitos denunciam a evasão fiscal dos ricos e poderosos, o jornalista vai ser julgado por ter publicado no passado sábado no seu jornal “Hot doc” uma lista contendo 2.059 nomes de indivíduos alegadamente detentores de contas bancárias suíças, e que foi republicada na segunda-feira pelo jornal de grande circulação grego Ta Néa.
A lista inclui empresários, advogados, armadores, médicos, antigos políticos e próximos deles, mas também “donas de casa” ou pessoas cujos nomes não são acompanhados de nenhuma situação profissional.
Segundo Costas Vaxevanis, a lista é proveniente de documentos revelados por um empregado do banco HSBC na Suíça. Ela terá sido transmitida ao governo grego em 2010 pela actual directora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, quando esta ainda era ministra das Finanças em França. O jornalista diz ter recebido a lista numa carta anónima, cujo remetente afirmava tê-la recebido de um político.
Conhecida como a “lista Lagarde”, o documento já era alvo de polémica na Grécia, depois do Governo ter anunciado que a copia original da lista tinha desaparecido.
“Em vez de prender os ladrões e os ministros que violaram a lei, eles querem prender a verdade”, escreveu Vaxevanis na sua conta Twitter no sábado à noite antes de ser preso.