Paulo Portas à beira do futuro

Um dia, pensará Portas, quando a coligação explodir, poder-se-á dizer dele que foi um bom Ministro de Estado, categoria, de resto, à qual Passos o remete em exclusivo, a par de Gaspar, como se Portas não fosse muito mais

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Daniel Rocha

Portas explicou que cumpriu bem a sua função de Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.

Nas jornadas parlamentares, começou a sua despedida, e assim o seu futuro, ao garantir a boa fotografia possível de uma passagem por esta coligação que, de tão negadora do seu verbo “rimante”, já tem órgãos para se autogerir.

Portas, acusado enquanto MNE de andar por onde não interessa e fora do palco europeu, defendeu-se, explicou o seu papel, explicou as regras europeias que o afastam daquele palco e consistentemente descreveu um percurso sério na ação, com pensamento sobre o papel de Portugal no mundo e não se esqueceu de mostrar contas, no seu Ministério, inatacáveis.

Assim, um dia, pensará Portas, quando a coligação explodir, poder-se-á dizer dele que foi um bom Ministro de Estado, categoria, de resto, à qual Passos o remete em exclusivo, a par de Gaspar, como se Portas não fosse muito mais.

E é.

Aí, precisamente, bate o ponto. Na preparação do seu futuro, Portas, o parceiro de coligação que esteve calado quanto ao OE de 2013, que foi protagonista com Passos e outros tantos de uma guerra fria dentro do Governo, repetiu a conclusão inevitável da necessidade de termos um OE. 

Simplesmente, porque sabe do falhanço desse OE, como sabe que esse OE é a sua morte política, contraria V. Gaspar e, em tom altamente institucional, para não irritar, negando “atitudes beligerantes” contra o memorando, elogia a Senhora do FMI, a tal que viu da evidência do erro da receita aplicada a Portugal.

Atirada a pedra de forma não-beligerante ao V. Gaspar que, como já escrevi, em modo psicopatia política, viu naquelas declarações uma ameaça, Portas prossegue, afirmando que elas são “amigas” e que na próxima avaliação temos de “negociar”. 

A sua saída está feita quando convoca o PS para analisar o que sejam “cortes estruturais na despesa”, porque, recorda, é coisa para afetar gerações.

Numa palavra, Portas sabe que errou em tudo, sabe que o Governo vai cair e quer o direito a uma narrativa e a um futuro: a narrativa de que foi efectivamente um bom Ministro, patriota, com visão; um futuro de quem mostrou que não teria ido por aqui e que está pronto para ser parceiro de coligação.

Do PS.

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