Carlos Castro: Seabra disse ter tentado o suicídio “para se salvar”

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Seabra está acusado de homicídio em segundo grau

Renato Seabra disse à polícia de Nova Iorque ter tentado o suicídio, depois do homicídio de Carlos Castro, “para se salvar”, revelou hoje em tribunal o detective Michael de Almeida.

O detective luso-descendente, que serviu de tradutor e intérprete ao detective Richard Tirelli durante a confissão de Seabra na ala psiquiátrica do Hospital Bellevue, a 8 de Janeiro de 2011, um dia após o crime, confirmou, em tribunal, que incluiu nas suas notas a declaração sobre a tentativa de suicídio.

Contudo, esta e outras declarações de Seabra foram excluídas da versão final da confissão, que já foi lida aos jurados em tribunal.

Seabra, confirmou Tirelli na terça-feira quando questionado pelo advogado de Defesa David Touger, deu o seu acordo à fiabilidade das notas tiradas pelo detective, mas não à versão final da confissão.

A declaração deverá vir a ser explorada pela defesa que, escudando-se em relatórios psiquiátricos, afirma que, na altura do crime, o jovem “estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com características psicóticas graves” e, como tal, não deve ser considerado culpado.

A defesa argumenta que foi a doença mental a levar ao crime, após o qual o jovem se passeou pelas ruas da cidade num estado de alucinação, tocando nas pessoas.

A acusação sustenta que foi “raiva, desilusão e frustração” a levar Renato Seabra a matar o colunista social, num processo directamente ligado ao fim da relação.

Também não incluída na versão final foi a declaração de que, durante o crime, o jovem “saltou várias vezes sobre a cara” da vítima, confirmou Almeida.

Na tentativa de suicídio, Seabra terá usado um copo de vinho partido para cortar os pulsos.

A procuradoria divulgou entretanto imagens do jovem no primeiro hospital a que acorreu depois do crime, Saint Lukes, que o mostram a ser empurrado por um enfermeiro numa cadeira de rodas, com ambos os pulsos ligados.

No final da confissão de 8 de Janeiro, Seabra disse aos detectives que se sentia aliviado por ter falado à Polícia e que tinha “feito do mundo um lugar melhor”.

Terça-feira, o detective Richard Tirelli afirmou em tribunal que o jovem “é um homem bastante doentio”.

Numa agitada sessão do julgamento, o advogado de defesa questionou a fiabilidade da confissão extraída pela polícia, afirmando mesmo perante os jurados que Tirelli, que “não queria realmente saber por que razão [Seabra] cometeu o crime”, apenas obter uma confissão.

Os jurados do julgamento, que já tinham sido confrontados com imagens violentas da cena do crime, ouviram hoje, da médica legista Michelle Sloan, os detalhes sobre a morte de Carlos Castro, por “impacto brusco na cabeça e compressão do pescoço”.

A especialista relatou ainda que a hora de morte de Castro terá rondado as 17:30 do dia 7 de Janeiro de 2011, o que significa que a vítima estava viva, mas inconsciente, durante as agressões violentas na cabeça e mutilação dos órgãos genitais de que foi alvo.

Sentado ao lado do seu advogado e escutando através de auriculares a tradução em português, Renato Seabra escutou as repostas da especialista à procuradora Maxine Rosenthal sempre impassível, por vezes desviando o olhar dos ecrãs onde eram projectadas as fotografias tiradas pela medicina legal.

Poucas filas atrás do jovem, acusado de homicídio em segundo grau, estava a sua mãe, Odília Pereirinha, acompanhada de uma amiga que serve de intérprete.

Perante as imagens mais violentas mostradas até agora no julgamento - da cara desfigurada e ensanguentada da vítima e de pormenores de partes mutiladas -, Amélia Castro, irmã de Carlos Castro, não conteve as lágrimas e teve de sair várias vezes da sala de tribunal.

Uma prima e uma ex-colaboradora de Castro, que acompanham a idosa, também mostraram desconforto perante a violência patente nas fotografias projectadas.

 

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