Cervejeiras já perderam meio milhão de euros com greve nos portos

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Sector cervejeiro exporta 35% da produção total Carlos Lopes/Arquivo

Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja alerta que a crise portuária ameaça diminuir vendas para o estrangeiro até 80 milhões de euros. Até agora, a greve dos trabalhadores portuários já custou 500 mil euros aos produtores de cerveja nacionais.

Entre Setembro e até final de Outubro estima-se que terão de transferir um total de 300 contentores de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, para portos menos afectados pelas paralisações como o de Sines e, sobretudo, Leixões.

Com as acentuadas quebras de consumo em Portugal, os produtores de cerveja têm aguentado o negócio graças às exportações, a maioria para Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Em comunicado, a Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja (APCV) – que divulgou os dados – lamenta que os protestos nos portos estejam a comprometer o desempenho daquele “que tem sido um dos maiores activos” das empresas nacionais “no combate aos efeitos da queda do consumo que se tem verificado em Portugal: as exportações”.

Com a crise e a subida do IVA na restauração para 23%, o consumo per capita de cerveja deverá cair para 50 litros este ano, o valor mais baixo desde 1990. Nos primeiros quatro meses de 2012, as vendas em cafés, bares e restaurantes – onde se vende 70% de toda a cerveja em Portugal – desceram 15% em comparação com o mesmo período do ano passado.

Desde 17 de Setembro que estivadores, pilotos de barra e trabalhadores de diversas administrações portuárias iniciaram um período de cinco semanas de greves em protesto contra o plano do Governo para reduzir as despesas portuárias entre 25 a 30% e, assim, fomentar as exportações. Para atingir estes objectivos serão precisos novos contratos laborais, mais operadores, redução de taxas e novos modelos de gestão. Contudo, os sindicatos acreditam que, na prática, isto implica uma redução para metade dos actuais postos de trabalho.

Está marcado um novo protesto para 23 de Outubro, convocado pelo Sindicato dos Estivadores e Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal. As comunidades portuárias de Sines e Leixões já fizeram saber que a paralisação não vai afectar estes portos, onde se movimenta 61% da tonelagem total do país.

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