Vasco Cordeiro reduz Governo e assume liderança do PS nos Açores

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Vasco Cordeiro sucederá a Carlos César na liderança dos socialistas açorianos no início do próximo ano Rui Soares

O sucessor do socialista Carlos César está a preparar uma nova orgânica para o Governo Regional dos Açores que reduz substancialmente o número de departamentos, cumprindo uma promessa eleitoral

"Vamos cumprir o que prometemos antes das eleições", declarou ontem ao PÚBLICO o socialista Vasco Cordeiro, escusando-se a falar da composição o XI Governo Regional. Remeteu apenas para a Via Açoriana para o Desenvolvimento, projecto com que liderou a candidatura do PS nas eleições, e que prevê a redução do elenco governativo, ditada pela necessidade de redução da despesa pública e de maior operacionalidade.

O candidato do PS à presidência do executivo tinha anunciado a intenção de reduzir, em "pelo menos 25%, o número de membros do Governo", caso vencesse as eleições, com um elenco com um máximo de oito secretarias. O executivo cessante é composto pela presidência (instalada no Palácio de Sant"Ana, em Ponta Delgada), a vice-presidência (sediada em Angra do Heroísmo), nove secretarias sectorais (sendo duas localizadas em Angra, uma na Horta e as restantes em Ponta Delgada) e uma subsecretaria (na Horta).

"Estou convicto de que é possível, e nas presentes circunstâncias desejável, ter um governo mais pequeno, mais ágil e mais articulado", afirmou Vasco Cordeiro, no discurso de encerramento da convenção Um Novo Ciclo para Vencer Novos Desafios, promovida pelo PS em Julho, em Vila Franca, e que culminou um ano de recolha de contributos da sociedade civil para as bases do programa eleitoral.

A alteração da lei orgânica obrigará a uma profunda remodelação do actual elenco governativo, que, na perspectiva da prometida "renovação", poderá implicar a saída de metade dos titulares ainda em funções. Vasco Cordeiro poderá manter o terceirense Sérgio Ávila na vice-presidência, para garantir o equilíbrio por causa da rivalidade entre as duas maiores ilhas - São Miguel e Terceira.

É muito provável que José Contente, outro nome influente do executivo cessante e director da campanha socialista, deixe a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Equipamentos para preparar a sua candidatura à presidência da maior câmara do arquipélago, Ponta Delgada, actualmente gerida pelo social-democrata José Manuel Bolieiro, que substituiu Berta Cabral no Verão passado. A líder do PSD abandonou o cargo, a que já se pode recandidatar devido à limitação de mandatos, para se dedicar exclusivamente à corrida à presidência do Governo.

Na noite eleitoral, ao agradecer "a confiança que os açorianos depositaram no PS" ao darem a maioria absoluta, Vasco Cordeiro fez uma referência especial a José Contente e Sérgio Ávila, os dois nomes que chegaram a ser apontados para a sucessão de Carlos César, considerando terem sido os alicerces da "saborosa vitória eleitoral". Antes dos festejos da vitória, tradicionalmente celebrada junto às Portas da Cidade, Vasco Cordeiro, interpelado pelos jornalistas no salão nobre do Teatro Micaelense, onde no domingo funcionou o quartel-general da candidatura socialista, escusou-se a falar da composição e posse do novo Governo, assim como da liderança do PS, ainda exercida por Carlos César.

A tomada de posse do Vasco Cordeiro como quarto presidente do Governo Regional açoriano - sucedendo ao socialista Carlos César (com quatro mandatos cumpridos desde 1996) e aos sociais-democratas Mota Amaral (1976/95) e Madrugada da Costa, que completou o último ano da quinta legislatura do PSD - deverá ocorrer dentro de um mês, perante a Assembleia Legislativa do Açores, de que depende politicamente. Em conformidade com o Estatuto Político-Administrativo da Região, o novo Parlamento regional reúne-se no décimo dia após o apuramento dos resultados.

Só depois da investidura dos novos órgãos de Governo próprio da região, o PS convocará o seu congresso regional e as eleições internas para a sua liderança. Vasco Cordeiro assumirá então a sua candidatura à sucessão de Carlos César na chefia do partido, não sendo provável que tenha adversário. Estatutariamente, o congresso regional reúne-se, ordinariamente, de dois em dois anos, em data aprovada pela comissão regional. Atendendo aos prazos a cumprir, nomeadamente para marcar as datas das eleições de delegados com a antecedência mínima de 60 dias sobre a data de realização do congresso, é provável que a reunião magna dos socialistas açorianos venha a decorrer no início do próximo ano.

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