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Vasco Cordeiro: a nova geração do cesarismo chega ao poder

V asco Cordeiro, 39 anos, será o quarto presidente do Governo Regional dos Açores, sucedendo ao socialista Carlos César (quatro mandatos cumpridos desde 1996) e aos sociais-democratas Mota Amaral (1976/95) e Madruga da Costa, que completou a última legislatura do PSD. No final do mandato que agora inicia, os socialistas completarão 20 anos no poder, o mesmo tempo dos sociais-democratas, e, com mais dois mandatos em perspectiva, permitidos pelo estatuto regional, poderá aumentar esta tendência de longos ciclos da alternância açoriana.

Num processo meticulosamente preparado, Vasco Ilídio Alves Cordeiro foi há um ano escolhido pelos órgãos dirigentes do PS, por unanimidade, para candidatar-se à presidência do Governo, com o apoio expresso de Sérgio Ávila e José Contente, os outros dois possíveis. Representa a aposta numa nova geração para protagonizar a "renovação" no PS e no Governo e, nesse sentido, terá como primeiros desafios a escolha dos membros do Executivo e a da liderança do partido, ainda nas mãos de César.

Tendo na infância como actividades extra-escolares predilectas o teatro e a leitura, além do futebol, Cordeiro apurou o gosto pela música em Coimbra, onde se licenciou em Direito. Regressa aos Açores em 1995 e começa a exercer advocacia. É nesta altura que inicia a vida política, na JS, com o propósito, disse ao PÚBLICO, de fazer algo pela sua terra. "Conheci-o em 1996 a fazer campanha eleitoral no porta-a-porta, onde imediatamente se destacou pela rapidez com que estabelecia uma verdadeira empatia com as pessoas e transmitia uma sensação de segurança e alegria", lembra o açoriano José Medeiros Ferreira, um dos ideólogos da autonomia insular e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

Nascido numa família de agricultores, Vasco Cordeiro é casado com Paula Cristina, chefe de cabina na SATA, e pai de Tomás, nascido há dois anos. O novo Presidente do Governo dos Açores tem uma pós-graduação em Direito Regional. Desempenhou as funções de assessor jurídico da Associação de Jovens Agricultores Micaelenses de 1998 a 2001. Foi presidente da JS entre 1997 e 1999, assumindo em 96 o lugar de deputado à Assembleia Legislativa dos Açores, onde liderou a bancada socialista de Novembro de 2000 até ao início de Dezembro de 2003.

Nesta data, Vasco Cordeiro suspende o exercício da advocacia para substituir Ricardo Rodrigues, na sequência do caso Farfalha, como secretário da Agricultura e Pescas.

No ano seguinte passa a exercer as funções de secretário regional da Presidência no IX Governo Regional dos Açores, tendo sido responsável pela pasta da Economia no quarto governo de Carlos César. Este, ao decidir não recandidatar-se, abriu-lhe o caminho da sucessão.

Cordeiro "fez as escolas todas de um responsável político, vai ter uma prova dura de imediato, ", vaticinava há um ano Medeiros Ferreira.

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