Rui Rangel avança apesar das “ofertas de lugares e do acordo de união falso”

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Vieira teve “uma liderança sem estratégia", diz Rui Rangel Pedro Cunha

Rui Rangel fez a referência sem citar nomes. “Apesar de muitas insistências por ofertas de lugares e por um acordo de união falso”, o juiz desembargador anunciou ontem oficialmente a sua candidatura à presidência do Benfica, enfrentando assim Luís Filipe Vieira nas eleições dos órgãos sociais do clube, que se realizam a 26 de Outubro. Rangel confirmou que teve um encontro com o actual líder “encarnado” na última semana, mas nem uma palavra sobre o conteúdo da conversa. Sobre Vieira, Rangel até lhe reconheceu méritos durante o seu primeiro mandato, mas descreveu os seus dez anos no comando do clube como “uma liderança sem estratégia, sem organização e sem capacidade e competência para vencer”.

Rangel deixou alguns recados a quem integrou, a seu lado, o “Movimento Vencer Vencer” há três anos e que agora está do lado de Vieira, como Varandas Fernandes e José Eduardo Moniz, ambos na lista do actual presidente. O juiz chama Moniz um “soldado tardio” e considera que será protagonista de uma liderança bicéfala. “A lealdade é uma prática da vida e não uma circunstância de conveniência”, observou Rangel, referindo ainda que há um conflito de interesses por Moniz ser vice-presidente de uma empresa, a Ongoing, que tem uma participação no Benfica Stars Fund.

Do lado de Rangel estão muitos nomes conhecidos do universo benfiquista, alguns deles ligados a anteriores direcções. O deputado do CDS-PP Ribeiro e Castro, que foi vice-presidente do tempo de Vale e Azevedo, é o mandatário da candidatura de Rangel. Fernando Tavares, que esteve na direcção com Vieira, é um dos “vices” de Rangel, enquanto Paulo Olavo Cunha é o candidato à presidência da mesa da Assembleia Geral, um cargo que já desempenhou durante a presiência de Manuel Vilarinho. Na plateia estava também José Veiga, que foi director-geral da SAD benfiquista com Vieira.

Sob o lema “Benfica aos benfiquistas”, Rangel foi crítico em relação a “uma direcção que anda sempre a pedir mais tempo” aos sócios que “durante estes dez anos cumpriram tudo o que lhes foi pedido”. O juiz enumerou vários pecados cometidos pela liderança de Vieira nestes últimos dez anos, como o “número elevado de aquisição de jogadores, uma autêntica loucura face à inerente carga de massa salarial”, uma política desportiva “sem apostar na formação”, “crescimento galopante do passivo que ascende aos 500 milhões de euros”. “Obra feita, mas por pagar”, referiu, acusando ainda Vieira de ter sido contra a construção de um novo estádio da Luz.

O juiz frisou que nunca foi “sócio do nosso rival do Norte, nem do adversário da Segunda Circular” (Vieira foi associado de FC Porto e Sporting), frisando que Vieira promove a ameaça do “mundo dos negócios e dos interesses” ao clube “encarnado” e que as “transmissões televisivas são demasiado tentadoras para pessoas que gostam mais do negócio do que do Benfica”.

Rangel garantiu que não há qualquer dúvida quanto à sua eligibilidade face aos estatutos do clube, que impõem como condição a um candidato o mínimo de 25 anos de sócio. “Tenho todas as condições”, garantiu Rangel, considerando que as duas semanas que faltam para as eleições serão suficientes para convencer os sócios, prometendo também uma reforma dos estatutos para estes estarem mais próximos da matriz do clube. Sobre o futuro da actual equipa técnica do Benfica, Rangel limitou-se a dizer que “Jorge Jesus é o treinador do Benfica”, acrescentando que o Benfica precisa de um “treinador ganhador”.

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